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Ele está agitado e suando, com o corpo marcado pelo peso dos equipamentos da malhação. As sobrancelhas se apertam quando ele me vê.
Seus olhos estão inseguros. Ele estende a mão para segurar a porta do elevador.

Meu. Coração. Explode.

– Eu venci! – grito enquanto corro em sua direção.

Louis tem tempo suficiente para abrir os braços enquanto eu pulo. Colide com a parede ao fundo e deixa escapar um gemido enquanto eu consigo envolvê-lo com meus braços e minhas pernas. A porta se fecha e ele consegue apertar o botão para irmos até seu andar.

– Tecnicamente, acho que venci. Fui o primeiro a chegar ao prédio – ouço-o dizendo.

– Eu venci. Eu venci – repito várias vezes, até ele dar risada e admitir: – Está bem, você venceu.

Seu suor tem cheiro de chuva e cedro e deixa leves notas de alecrim em minhas narinas. Pressiono meu rosto ao seu pescoço e inspiro, outra vez e outra vez, até chegarmos ao quarto andar e a porta do elevador se abrir.

Tento reunir a força necessária para libertá-lo, mas a pressão viciante de nossos corpos é mais forte do que a minha força de vontade.

– Está bem, então.

Ele começa a atravessar o corredor. Eu me prendo como um coala à sua frente, com meu casaco batendo e a bolsa atingindo a mochila da academia.
Espero que ele não trombe com nenhum vizinho. Aproximo-me o suficiente para ver seu rosto e, em seus olhos, percebo que ele está gostando. Louis coloca a mochila ao lado da porta e começa a procurar a chave.

– Todo homem devia receber boas-vindas desse tipo.

– Aja como se eu não estivesse aqui. Continue como sempre faz.

Abraço-o com mais força. Sua clavícula se encaixa perfeitamente à minha maçã do rosto. Louis está usando um moletom com capuz e seu corpo parece estar úmido.

Ouço-o jogar os itens de ginástica no cesto. Tira os tênis sem desamarrar o cadarço, o que só me parece dificultar as coisas, e pega a minha bolsa.
Aperta um botão pra ajustar o aquecedor.

– Sério, simplesmente finja que eu não estou aqui.

Ele vai até a cozinha e se abaixa para olhar dentro da geladeira, forçando-me a me agarrar com mais força. Enche um copo e pressiona meu ouvido ao seu pescoço para que eu possa ouvi-lo engolir.

Aperto as pernas em volta de seu corpo e ele desliza a mão em meu quadril e aperta uma vez, de um jeito amigável. Depois, dá um tapa.

– Ah, o que tem no seu bolso?

– Hum… – Agora lembro o que tem ali e me sinto uma grande nerd. Deslizo para fora do colo dele, até conseguir estar no chão. – Não é nada.

– Machucou a minha mão. – Ele puxa o item para fora do meu bolso e observa atentamente. – É um Smurf. É claro. Com o que mais você encheria seus bolsos?
Por que ele está de cara feia?

– Eu tenho uns dez bonecos dele. É o Ranzinza.

– Se não soubesse o quanto você ama os Smurfs, eu me sentiria insultado.
– Sua boca se repuxa e percebo que eu o estou alegrando. – Então, por que essa paixão toda pelos Smurfs?

– Meu pai fazia entregas em outro estado. Ele saía antes de clarear e voltava quando eu já tinha ido para a cama. Mas, quando voltava para casa, sempre passava em um posto de gasolina e me trazia um Smurf.

– Então eles lembram seu pai. Que legal.

– Os Smurfs significavam que meu pai estava pensando em mim.

O jogo do amor "Ódio"!   Louis Partridge Onde histórias criam vida. Descubra agora