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Esse homem é como um Louis que entrou na máquina do tempo. Ainda é insuportavelmente lindo; mais parece uma raposa grisalha, imponente em sua roupa social. Temos a mesma altura quando ele está sentado, então deve ser um gigante quando se coloca em pé. Elaine encosta a mão na lateral do pescoço do homem e, quando ele olha para a esposa, um leve sorriso brota em seus lábios.

Em seguida, lança um olhar de laser para mim. A genética nunca deixa de me impressionar.

– É um prazer conhecer o senhor – respondo.

E nos encaramos. Talvez eu devesse tentar ganhar sua simpatia. É um instinto antigo e eu tento segurá-lo. Depois, resolvo não fazer nada.

– Oi, Louis – ele cumprimenta, direcionando seu olhar de laser para o filho. – Quanto tempo.

– Oi – Louis cumprimenta e me segura pelo punho, puxando-me para que me sente entre ele e sua mãe. Assim estarei protegida. Tomo uma nota mental: mais tarde, tenho que repreendê-lo por isso.

Elaine dá um passo e se posiciona entre os pés de Anthony. Acaricia os cabelos do marido, arrumando-os. A Bela domou a Fera. Então, ela se senta e eu me viro em sua direção.

– A senhora deve estar muito feliz. Conheci Patrick em uma ocasião nada agradável.

– Ah, sim, ele me contou em um dos nossos telefonemas aos domingos. Ele disse que você estava muito mal. Intoxicação alimentar.

– Eu acho que foi um vírus – Louis rebate, segurando minha mão e acariciando-a como um feiticeiro obcecado. – E ele não deveria discutir os sintomas dela com outras pessoas.

Elaine olha para o filho, observa nossos dedos entrelaçados e sorri.

– Bem, fosse lá o que fosse, eu fiquei mesmo péssima. Acho que ele nem vai me reconhecer hoje. Espero que não. Mas sou grata aos seus filhos por me ajudarem a sair viva daquela situação.

Elaine olha para Anthony. Empurrei Louis para perto demais do elefante branco nesta sala: só faltava o pai dele usar um estetoscópio.

– Os arranjos de flores estão lindos! – comento, apontando para uma massa enorme de lírios rosados na ponta de um dos bancos.

Elaine baixa a voz e sussurra: – Obrigada por fazer companhia para ele. A situação é complicada para Louis.

Ela lança um olhar de preocupação para o filho.
Como mãe do noivo, Elaine logo pede licença para cumprimentar os pais de Mindy e ajudar várias pessoas a encontrarem seus assentos. A igreja está cada vez mais lotada; gritos de surpresa e risos preenchem o ar conforme família e amigos se reencontram.

Francamente, não entendo o que é tão complicado nessa situação. Tudo parece estar bem. Não vejo nada estranho. Anthony assente para as pessoas. Elaine beija, abraça e anima todo mundo com quem conversa.

Eu não passo de um livro solitário em uma prateleira enorme. Anthony não é o tipo de homem que gosta de conversa fiada.

Deixo pai e filho sentados em silêncio no banco polido e seguro a mão de Louis. Não sei se estou sendo útil até ele me olhar nos olhos.

– Obrigado por estar aqui – diz ao meu ouvido. – A situação fica mais fácil.

Penso nas palavras enquanto Elaine se senta novamente e a música começa a tocar.

Patrick toma seu lugar ao altar, lançando um olhar seco para o irmão, analisando-me em seguida, como se quisesse avaliar minha recuperação.
Sorri para os pais e deixa escapar uma bufada.

O jogo do amor "Ódio"!   Louis Partridge Onde histórias criam vida. Descubra agora