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A arte de ficar de mãos dadas é subestimada, e é impressionante como esse simples ato me deixa sem fôlego. As pontas de cada um de seus dedos roçam as costas da minha mão, até os punhos.
Homens grandes sempre me intimidaram. Quando penso em todos os meus ex-namorados, eles nunca foram tão altos. Mais fácil lidar com homens assim. A situação fica um pouco mais igual. Nenhum deles tinha essa impressionante arquitetura masculina diante da qual me encontro agora.

Os músculos saltados de seus ombros descem rumo a bíceps perfeitamente torneados. O cotovelo e os punhos parecem feitos de aço.

Como seria a sensação de estar debaixo de um homem tão grande assim?
Atordoante, certamente.

Louis assiste ao episódio de ER e boceja, sem nem imaginar que estou tentando estimar o tamanho de sua caixa torácica. Deve ser enorme como a de um carnívoro predador.

É possível que nossa diferença de tamanhos tenha acrescentado uma dificuldade a mais às nossas interações durante os dias de trabalho. Sempre tentei parecer mais forte do único jeito que posso: com a mente e a boca.

Acho que ele me converteu. Acho que agora gosto de músculos. Minha respiração já está um pouco mais afobada, e ele me observa.

– Por que esse olhar esquisito? Relaxe.

– Estava pensando em como você é grande.

Olho para nossas mãos dadas. Ele usa o polegar para acariciar a minha palma.
Quando olhamos outra vez um para o outro, seus olhos estão um pouco mais escurecidos.

– Eu vou caber direitinho em você.

Arrepios se espalham pela minha pele. Aperto as coxas e acidentalmente bufo.
Estou pegando fogo. Não consigo resistir. Olho para trás, na direção do quarto dele, que está tão próximo que talvez só fossem necessários cinco passos largos para eu ser atirada em cima de seu colchão. Sua língua poderia estar em minha pele em menos de meio minuto.

– Se vai caber tão bem em mim, então mostre.

– Mostrarei.

Nossas palmas estão suadas. Minha nuca parece ferver debaixo dos cabelos.
Preciso ser beijada novamente. Dessa vez, vou deslizar minha língua contra a de Louis até ele gemer. Até ele esfregar uma coisa dura em mim. Até me levar ao seu quarto e arrancar as roupas.
Os créditos finais do mais longo episódio de ER de toda a história começam a rolar. Meu coração ameaça explodir como uma bexiga.

Ele coloca a TV no mudo e vira o rosto para começarmos o Jogo de Encarar.

Percebo seus olhos se tornando mais escuros e fico sem fôlego imaginando o que está prestes a acontecer. Posso sentir o sangue pulsando em todas as partes sensíveis do meu corpo. A área entre as minhas pernas está latejando, queimando, molhada. Olho para a boca desse homem. Ele olha para a minha.
Depois, observa nossas mãos dadas.

– O que acontece agora?

Ele me lança um olhar. Suas próximas palavras me atingem como um chicote.

– Tire a roupa. – Começo a tremer e ele dá risada e desliga a TV. – Estou brincando. Vamos, eu vou levá-la até o carro.

Estou ficando perigosamente excitada com seus sorrisos. Agora foi o terceiro que recebi? Estou guardando-os no bolso. Estou enfiando-os na boca.

– Mas… – Minha voz soa como um apelo. – Eu pensei que…

Suas sobrancelhas se apertam em uma demonstração falsa de quem não está entendendo nada.

– Você sabe… – continuo.

– Fico magoado por saber que só sou desejado pelo meu corpo. Eu não tive direito nem a um encontro antes.

O jogo do amor "Ódio"!   Louis Partridge Onde histórias criam vida. Descubra agora