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Beijou sua boca. Engulo a bile.

– Patrick e eu simplesmente nos encaixamos. Foi uma loucura completa.
Ficamos noivos há seis meses. Ainda me sinto mal por isso, mas Louis e eu não combinávamos. Eu achava seu humor um tanto assustador de vez em quando.
Até hoje não sei sobre o que conversar com ele. Desculpe, estou sendo indiscreta. Por favor, não comente com ele que eu disse isso.

Sinto-me prestes a explodir em lágrimas e Mindy me observa, cada vez mais alarmada. E prossegue: – Sinto muito, Sn, pensei que ele tivesse contado para você. Louis está tão feliz ao seu lado. Eu jamais poderia imaginar que um dia se sentiria tão apaixonado. Comigo nunca foi assim. Acho que faz sentido. Homens intensos costumam se apaixonar loucamente quando enfim encontram a mulher certa.

Forço um sorriso, mas não sai nada convincente. Não posso ser a responsável por arruinar a alegria de Mindy em seu casamento, mas, por dentro, estou desmoronando. Como pude ser tão idiota a ponto de pensar que ele estava andando por aí comigo, me exibindo, a troco de nada? Eu sou um apoio moral enquanto ele participa do casamento da ex-namorada. Se isso não for a definição de um encontro alugado, não sei o que seria.

– Ai, Sn, desculpe se eu a chateei, especialmente se vocês estiverem começando o relacionamento agora. Mas Louis é todo seu.

Consigo esboçar uma risadinha. Na verdade, ele não é.

– Patrick ficou especialmente surpreso. Quer saber o que ele disse? Algo como:
“Nunca vi Louis com essa expressão de quem realmente tem um coração.”

– Ele tem coração.

Um coração esquisito, mas um coração de qualquer forma.
Uma pessoa que parece ser um cerimonialista aponta para Mindy, e ela assente.

– O coração dele é todo seu – ela afirma enquanto dá tapinhas em meu braço. – Agora vou jogar o buquê. Vou mirar em você.

Ela passa pelos convidados, tão elegante e linda quanto eu jamais serei.

Recebo um abraço por trás. Um beijo na nuca, diluído por meus cabelos. O efeito ainda é tão forte que tenho que engolir em seco. O DJ começou a chamar as mulheres solteiras para se agruparem na pista de dança. Sinto meu estômago revirando e minhas mãos suando. Preciso sair daqui.

– Oi. Onde estão todos seus amigos novos?

Ele começa a me levar na direção das mulheres dispostas a competir pelo buquê.

– Não, Louis. Não posso fazer isso.

As pessoas estão nos observando. Estou prestes a fazer uma cena, mas sei que não posso me permitir. As lágrimas e o pânico incham dentro de mim.
Louis, que costuma perceber as coisas, não nota nada dessa vez.

– Onde está o seu espírito competitivo?

Ele me dá um último e firme empurrão e sou lançada em meio a um monte de mulheres histéricas, variando de uma criança com vestido de estampa de flores a uma mulher com mais de 50 anos que parece alongar os tendões.
Todo mundo olha para o buquê. De fato, é lindo. Todas nós o desejamos.

De soslaio, vejo a mãe de Louis. Ela sorri para mim, mas esse sorriso não demora a sumir, abrindo espaço para a preocupação. Vai saber como está meu rosto agora. Mindy olha para mim e percebo seu arrependimento sincero por ter me chateado. Louis se ajeita para enxergar melhor e troca olhares com sua mãe. Ela aponta para ele, que baixa a cabeça. Então, Elaine lhe diz alguma coisa. Louis olha diretamente para mim.
Isso já é demais.

– Aqui vamos nós! – Mindy exclama, virando-se de costas para nós e fingindo que vai jogar.

O buquê é um arranjo de lírios rosados.
Quase nem percebo as flores batendo em meu peito. Elas caem nos braços posicionados da menina com vestido de flor, que grita toda alegre. Todo mundo está balançando a cabeça e rindo da minha falta de coordenação.

Todo mundo se vira para quem está ao lado e diz: “Ela podia ter pegado.”
Fico decepcionada por não pegar o buquê.

Educadamente dou risada; pouco a pouco, sigo rumo ao outro lado da pista de dança, passando pelos espectadores. Agora estou correndo. Preciso sair deste lugar. Sei que ele virá atrás e mim, então, em vez de escolher o lugar mais óbvio (o banheiro feminino), sigo pelo corredor por onde os garçons entram e me vejo no jardim ao lado do hotel.

Alguns rapazes de camisa branca e gravata estão fumando e mexendo em seus celulares. Eles me analisam com cara de tédio. Acelero o passo até estar trotando, correndo; as pontas dos meus saltos praticamente não têm tempo de tocar o chão. Quero correr até chegar à água. Quero pular dentro de um barco e navegar até uma ilha deserta.

Somente então serei capaz de analisar e enfrentar o que acabou de acontecer.

Eu tenho sentimentos por Louis Partridge. Sentimentos irreversíveis, idiotas e imprudentes. Por que outro motivo essa situação machucaria tanto?

Por que tudo em mim doeu na hora de segurar o buquê e vê-lo sorrir? Sinto um tremor ao lado da água.

Os passos se aproximam rápido demais. Engulo minha impaciência e abro a boca para dispensá-lo.

Porém, deparo-me com a mãe de Louis.

Beijão💋

O jogo do amor "Ódio"!   Louis Partridge Onde histórias criam vida. Descubra agora