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A noite está perfumada com as nuvens pesadas no céu. Ele está encostado ao carro, olhando para o outro lado da rodovia. Há um tipo estranho de elegância nas curvas pesadas de seu corpo. Se eu tivesse que dar um nome a essa imagem, seria Desejo.

– Oi, está tudo bem?

Louis me contempla com uma expressão que faz meu coração tremer. Como se estivesse se lembrando de que eu estou aqui. Como se descobrisse que eu não estou apenas dentro da sua cabeça.

– Você está triste?

– Ainda não – responde, fechando os olhos.

– Eu dirijo um pouco.

Estendo a mão. Ele nega com a cabeça.

– Você é minha convidada. Eu dirijo. Você está cansada.

– Ah, agora eu sou sua convidada?

Demonstro toda a ameaça que consigo reunir em meus passos e ele coloca as duas mãos para trás. Sorrio para ele, que sorri em resposta. Fico surpresa pelo fato de as estrelas no céu não explodirem em poeira prateada. A tristeza que percebo em seus olhos se desfaz, abrindo caminho para um tom de diversão.

– Minha refém. Minha cativa chantageada e teimosa. Estocolmo, Moranguinho.

– Chaves.

Levo os braços em volta de sua cintura para tomar as chaves de seu punho fechado. Em seguida, encosto-me a ele e aperto os braços.

– Solte, vamos.

Consigo pegar a chave, mas ele abraça meus ombros. Ficamos mais um momento assim, enquanto os carros passam por nós.

– Quero que saiba que não espero nada de você neste fim de semana – Louis diz com a boca acima da minha cabeça.
Afasto-me e olho para ele.

– Seja lá o que vier a acontecer, tenho certeza de que vamos sair vivos na segunda-feira de manhã. A não ser que sua sexualidade seja tão mortal quanto eu suspeito. Nesse caso, eu saio morta.

– Mas… – ele protesta impotente.

Abraço-o com mais força e pressiono a bochecha em seu plexo solar.

– Vai acontecer, Louis. Precisamos nos livrar dessa ansiedade. Acho que tudo está levando para isso.

– Você parece um pouco resignada.

– Só posso me desculpar de antemão pelas coisas que vou fazer com você.

Ele, e estremece e me afasta.

– Veja, é só um fim de semana – afirmo, mantendo a voz leve.

Acho que sou capaz de convencer nós dois com essa afirmação.
Tenho que puxar o banco do motorista mais ou menos um quilômetro para a frente, tendo que dar vários golpes com a pélvis. Ele desliza o banco do passageiro sem dizer nada, apenas observando meu esforço. Fecho o cinto de segurança e trago o retrovisor quase um quilômetro para baixo.

– Quer uma lista telefônica para se sentar? Como você consegue ser tão pequena?

– Eu encolhi na máquina de lavar roupa.

Dirijo de volta à rodovia.

– Já percorremos mais de metade do caminho.

Seu joelho está agitado.

– Tente relaxar.

Nunca vi Louis nervoso antes. Sinto-o virando-se para me encarar. Fazemos isso o tempo todo.

O jogo do amor "Ódio"!   Louis Partridge Onde histórias criam vida. Descubra agora