★– Sim, você me diz isso desde o dia em que nos conhecemos. Descanse o resto da tarde.
Saio andando sem nem olhar para minha nova equipe.
Esta parece ser a tarde mais longa da minha vida, mas, ao mesmo tempo, passa em um piscar de olhos. A sensação de ser perseguida e observada é enervante e nós de fato formamos laços com as pessoas das equipes.
Empurro Quintus, do contas a receber, na direção de um abrigo quando uma chuva de balas de tinta rosa cai perto de nós.– Vá! Vá! – estimulo como uma líder de equipe da SWAT enquanto Bridget avança em direção à bandeira e as balas de tinta caem ao redor de seus pés.
Durante a terceira partida, quando pego a bandeira, fica claro que estou mesmo passando mal. Eu sabia que era trágico eu me sentir triunfante, mas, francamente, a sensação era a de ter escalado o Everest. Meus colegas de equipe gritavam e Samantha – uma Bexley jogadora de basquete – me ergueu e me fez girar. Tive que segurar o vômito.Meus braços tremiam por causa do esforço de segurar a arma. Tudo parecia ligeiramente surreal, como se a qualquer momento eu fosse acordar de um terrível cochilo no meio da tarde. O céu é um domo esbranquiçado.
Observo os rostos à minha volta, brilhando com suor. Sinto uma ligação com essas pessoas. Vejo um Gamin comemorar com um Bexley, os dois rindo.Estamos todos unidos nesse jogo. No fim das contas, talvez a ideia de Louis tenha sido boa. Talvez a única maneira de realmente unir as pessoas seja com batalha e dor. Confronto e competição. Talvez sobreviver a algo seja o motivo.
E, a propósito, onde está Louis? Não o vejo durante o resto da tarde, exceto quando as equipes se reagrupam. Toda vez que alguém corria entre as árvores, meus olhos me confundiam. Eu o via se ajoelhando, carregando a arma e atirando. Via o contorno de seus ombros e a curva de sua coluna.
Mas então eu piscava os olhos e era outra pessoa.
Estou esperando o tiro fatal. Uma mancha vermelha e enorme, direto no coração.– Onde está Louis? – pergunto aos marechais com as bandeiras, mas eles dão de ombros. – Onde está Louis? – pergunto a todos que passam. – Onde está Louis?
As respostas começam a vir curtas e irritadas.
Puxo minha roupa de proteção, mesmo em meio aos estouros dos tiros.
Puxo a gola em vão, expondo apenas meio centímetro de pele suada ao ar frio. E aí vomito. Nada além de água e chá. Não tive fome na hora do almoço.
Nem no café da manhã. Chuto um pouco de terra sobre o vômito e seco a boca com as costas da mão. Tudo gira tão rápido que me vejo forçada a me agarrar a uma árvore.O ar começa a esfriar quando a última buzina ecoa e voltamos ao QG.
Todos estão visivelmente exaustos e há um rebuliço enorme enquanto tiramos nossas roupas de proteção. Todo mundo resmunga. Sargento Paintball parece avaliar suas escolhas. Louis está parado com uma mão no quadril.
Instintivamente aponto a minha arma. É chegada a hora.Sn versus Louis, a aniquilação total.
Ele se aproxima de mim, totalmente despreocupado com a minha pose, e pega a arma. Tiro meu capacete. Posiciona-se atrás de mim e seus dedos deslizam por minha nuca suada. É como se Louis tocasse em um circuito elétrico, o que me faz gemer. Ele pega o zíper da minha roupa de proteção e o puxa para baixo.Viro-me para tirá-la, afastando suas mãos.
– Você está passando mal – ele acusa.
Dou de ombros despreocupadamente e subo as escadas, a caminho de onde Helene e o Gordo do Pinto Pequeno esperam.
– Parece que tivemos um excelente trabalho em equipe – ela elogia.
Aplaudimos discretamente, animando uns aos outros. Ergo a bainha da minha camiseta. As feridas são arroxeadas. O cheiro de café me causa enjoo.
Posiciono-me à frente do grupo. Louis está se aparecendo demais. Eu posso melhorar isso.
– Posso pedir aos nossos marechais para se levantarem e discutirem as demonstrações de trabalho em equipe e de coragem que testemunharam?
Os marechais fazem suas observações e eu tento compreendê-las. Suzie aparentemente causou uma comoção ao permitir que seus colegas de equipe avançassem e alcançassem a bandeira.
– Tomei quatro tiros por isso – Suzie conta, encostando a mão no quadril e estremecendo.
– Mas você tomou os tiros em nome do seu time – fala o senhor Bexley, saindo de seu estupor, o qual começo a desconfiar ser provocado por medicamentos prescritos. – Bom trabalho, jovem.
– E, por falar em coragem… – Marion começa, e meu estômago afunda. – A pequena Sn aqui fez uma coisa muito notável.
Todos aplaudem e eu aceno com a mão, pedindo para pararem. Se mais alguém me chamar de “pequena”, “pequenininha” ou “ridiculamente pequena”, vou começar a distribuir golpes de caratê. Marion continua:
– Ela tomou pelo menos dez balas por um colega hoje, protegendo-o de alguém que pesou demais a mão, cujo nome permanecerá em sigilo. – E olha diretamente para Rob, que se abaixa no chão como um cão arrependido.
Outras pessoas fecham uma carranca para ele. – Ela ficou na frente do colega, com os braços abertos, protegendo-o com a própria vida! – relata, imitando as minhas ações, com os braços abertos como os de um espantalho, corpo sacudindo ao simular os tiros.
É uma boa atriz. E continua seu relato: – E, para minha surpresa, vejo que não era ninguém menos do que Louis Partridge que Sn estava protegendo!Todos começam a rir. Nossos colegas trocam olhares animados e duas garotas do RH cutucam uma à outra. Marion prossegue:
– Mas… mas aí, ele se virou para protegê-la e tomou balas de tinta nas costas! Para protegê-la! Foi um gesto e tanto!
Um fato curioso: Marion lê histórias românticas na cozinha no horário do almoço. Observo os olhos de Louis, e ele seca a testa com o antebraço.
– Parece que o paintball fez todos nós nos aproximarmos hoje – consigo dizer, e todos batem palmas.
Se estivéssemos em um episódio de algum programa de TV, agora seria a hora da moral da história: parem de odiar uns aos outros. Helene está satisfeita; seus lábios, repuxados em um sorriso.
O grande prêmio, o dia de folga, é concedido a Suzie, e ela aceita o certificado improvisado com uma reverência. Deborah tirou boas fotos de ação, e eu lhe peço para me enviar, para eu poder fazer a newsletter da editora.
Helene me segura pelo cotovelo.– Lembre-se: segunda-feira eu não vou trabalhar. Estarei meditando debaixo de uma árvore.
O pessoal segue a caminho do ônibus e eu dou graças por agora ser difícil reconhecer quem é Gamin e quem é Bexley. Todos estão com uma aparência tenebrosa; roupas surradas e rostos vermelhos e suados. A maquiagem da maioria das mulheres as faz parecer ursos panda. Apesar do desconforto físico, há uma nova sensação de camaradagem.
Helene e o senhor Bexley saem outra vez dirigindo como se estivessem no meio da Corrida Maluca. Os maridos ou esposas de alguns dos membros da equipe vêm buscá-los, e há uma confusão de carros e terra. Quando nos aproximamos, a motorista do ônibus guarda o jornal que estava lendo e abre a porta.
– Por favor, espere um pouquinho – peço a ela e corro de voltado por onde vim.
Chego ao banheiro e sinto um enjoo violento. Antes de senti-lo deixar meu corpo completamente, ouço alguém bater firmemente à porta. Só conheço uma pessoa que bateria à porta com tanta impaciência e irritação.
– Vá embora – vou logo ordenando.
– Sou eu, Louis.
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Beijão💋
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O jogo do amor "Ódio"! Louis Partridge
RomanceSn Hutton e Louis Partridge se odeiam. Não é desgostar. Não é tolerar. É odiar. E eles não têm nenhum problema em demonstrar esses sentimentos em uma série de manobras ritualísticas passivo-agressivas enquanto permanecem sentados um diante do outro...