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– Até parece.

– É verdade. Exceto dos meus pais, no Skype.

– Bem, eu vou ter que mudar isso, então. Agora me conte mais sobre você.

– Eu trabalho para Helene, como você sabe – começo, sem saber ao certo o que dizer. Ele assente, sua boca arqueia em um sorriso. – E é basicamente isso – acrescento.

Henry sorri e eu quase caio do banco. Sou tão ruim socializando que quase não consigo conversar com seres humanos. Quero estar em casa, no meu sofá, com todos os travesseiros empilhados em cima da cabeça.

– Sim, mas eu quero saber sobre você. O que faz quando quer se divertir?
De onde é sua família?

Seu semblante é sincero e inocente e me faz pensar em crianças antes de o mundo corrompê-las.

– Posso ir ao toalete me arrumar primeiro? Eu vim direto do escritório.

Engulo a outra metade da minha bebida. O leve gosto de menta que resiste em minha boca abranda o sabor.
Ele assente e eu avanço na direção do banheiro. Fico parada na parede ali na frente, pego um lenço que está em frente ao meu sutiã e o pressiono contra o canto dos olhos. Lindo.

Uma sombra escurece o corredor e sei que é Louis. Mesmo no canto mais distante da minha visão periférica, sua forma é mais familiar do que minha própria sombra. Está segurando o casaco que deixei no banco traseiro do carro.

Explodo em risos e continuo rindo até lágrimas escorrerem por meu rosto, quase certamente arruinando minha maquiagem.

– Suma daqui – ordeno, mas ele se aproxima ainda mais.

Encosta a mão em meu queixo e estuda meu rosto.

A memória do beijo flutua entre nós e não consigo olhá-lo nos olhos.
Lembro-me do gemido que soltei dentro de sua boca. A humilhação toma conta de mim.

– Pare.

E bato a mão nele para afastá-lo.

– Você está chorando.

Abraço a mim mesma.

– Não estou. E o que você está fazendo aqui?

– Estacionar na região é um pesadelo. Seu casaco.

– Ah, meu casaco. É claro. Enfim. Estou cansada demais para brigar com você esta noite. Você venceu.
Ele parece confuso, então esclareço: – Você já me viu rir e chorar. E me fez beijá-lo quando eu devia ter esbofeteado essa sua cara de convencido. O seu dia foi bom. Vá assistir ao seu jogo e comer seus pretzels.

– Você acha que esse é o prêmio que estou disputando? Vê-la chorar? – Ele acena uma negação com a cabeça. – Não é, mesmo.

– É claro que é. Agora dê o fora daqui – ordeno mais forçosamente.

Ele se afasta e inclina o corpo contra a parede à minha frente.

– Por que está se escondendo aqui? Não deveria estar seduzindo aquele cara? – pergunta, olhando na direção do bar e esfregando a mão no rosto.

– Preciso de um minuto. E nem sempre é tão fácil, acredite.

– Tenho certeza de que isso não é problema para você.

Louis não soa sarcástico. Seco as lágrimas e olho para o lenço. Tem bastante rímel ali. Expiro trêmula.

– Você está ótima.

E essa foi a coisa mais gentil que ele já me disse.

Começo a tatear a parede na tentativa de encontrar um portal para outra dimensão ou, pelo menos, a porta do banheiro feminino. Qualquer coisa que me leve para longe de Louis. Ele passa a mão nos cabelos e seu rosto se repuxa, agitado.

– Eu não devia ter beijado você. Foi uma atitude idiota da minha parte. Se quiser me denunciar ao RH…

– É esse o seu problema? Está com medo de eu denunciá-lo? – minha voz sai mais alta quando clientes do bar se aproximam. Respiro fundo e, quando volto a falar, controlo o tom:

– Você me estilhaçou por completo, e eu não sei sequer reagir quando um homem diz que sou bonita.

O desânimo agora está estampado em seu rosto. Prossigo:

– É por isso que estou chorando. Porque Henry disse que sou linda e eu quase caí do banquinho do bar.
Você me arruinou.

– Eu… – ele começa a dizer, mas lhe faltam palavras. – Sn, eu…

– Não tem nada mais que você possa fazer comigo. Hoje você venceu.

A julgar pela expressão em seu rosto, parece que lhe dei um soco. No chão, sua sombra se afasta.

Louis vai embora.

Beijão💋

O jogo do amor "Ódio"!   Louis Partridge Onde histórias criam vida. Descubra agora