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Inclina-se contra a minha perna e sinto-o tremendo com o orgasmo. Olha para mim, olhos de repente tímidos, e eu ergo a mão para acariciar seu rosto.

Abaixa-me com cuidado. Não consigo sequer contemplar a ideia de deixá-lo se afastar. Abraço-o na altura dos ombros e levo minha boca em sua sobrancelha. Meu peito tem aquela sensação de limpeza de quem correu uma maratona. Ele deve estar sentindo que participou de uma competição de triátlon.
E olha para mim.

– Como Você Está? – sussurra levemente.

– Sou um fantasma. Estou morta.

– Eu não sabia que seria legal – brinca enquanto começa a se afastar de mim.

Peço e imploro e digo não, não, não. Sou uma viciada, completamente perdida, esperando a próxima dose enquanto a última ainda corre em minhas veias. Meu corpo tenta se agarrar a Louis, mas ele beija minha testa e se desculpa.

– Sinto muito, preciso ir – diz, andando na direção do banheiro.

Observo-o de costas e me afundo nos travesseiros.
Melhor sexo da minha vida. Melhor bunda que eu já vi.

– Isso é um fato? – ele diz do outro cômodo.

Parece que falei em voz alta.
Uso o antebraço para esconder os olhos e tento controlar a respiração.
Sinto o colchão ceder e ele puxa as cobertas sobre minha pele fria e apaga a luz do abajur.

– Agora você vai ficar mesmo insuportável. Mas caramba, Louis. Caramba! – Minha voz sai arrastada.

– Caramba você – ele responde, e sou puxada para o conforto de seus braços.
Encosto minha bochecha nele, deliciando-me em seu suor.

– Vamos criar um plano de jogo para quando acordarmos. Não vou suportar se você ficar toda esquisita comigo.

– Bem, diga bom-dia educadamente, e aí faremos outra vez.

Soo como quem acabou de sofrer um derrame.
Durmo com o ouvido em seu peito, ouvindo-o rir.

De algum modo, sobrevivo até o amanhecer. Estou lavando as mãos quando me olho no espelho.

– Caramba!

– O que foi?

Abro um pouquinho a porta. O quarto está iluminado pelos raios de sol que atravessam as pesadas cortinas.

– Eu me esqueci de tirar a maquiagem. Agora estou parecendo o Alice Cooper.

A maquiagem escura manchada faz meus olhos parecerem leitosos.

– Outra vez? Você nunca ficou parecida com Alice Cooper antes?

– Sim. Na manhã depois que passei mal, quase gritei ao me ver.

Escovo os dentes e prendo os cabelos em um coque.

– Gosto de você um pouco desarrumadinha.

– Bem, então você gostaria de mim agora.

Estou no chuveiro e tentando, em vão, abrir o embrulho do sabonetinho quando ouço a porta abrindo e ele se juntando a mim, calmamente, como se fizéssemos isso todos os dias. A luxúria me deixa elétrica; é a mais estranha mistura de alegria e medo.

– O sabonete é tamanho Moranguinho – brinca, mordendo a embalagem para abri-la.

Puxa o sabonete do tamanho de uma moeda e o segura entre o indicador e o polegar.

– Eu vou me divertir com isso.

Fico tão impressionada com a imagem de sua pele dourada e aveludada sendo atingida pela água que não consigo fazer nada além de contemplá-lo por alguns minutos. Minha língua já desliza no canto da boca, como se eu fosse um cão esfomeado. A água escorre por cada músculo, fazendo aquele corpo brilhar ainda mais.

O jogo do amor "Ódio"!   Louis Partridge Onde histórias criam vida. Descubra agora