[Este livro não retrata a realidade nua e crua das favelas, é apenas uma história fictícia com o intuito de entreter]
❝ Uma conexão obscena entre um sequestrador e sua refém ❞
Após passar 72 horas como refém do temido líder da facção, Chorão, Emília...
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Isadora estava radiante desde que recebeu o iPhone do Chorão e passava horas gravando vídeos para compartilhar em suas redes sociais. Minha mãe constantemente criticava, insistindo que era uma perda de tempo e que ela deveria se concentrar nos estudos, mas eu sempre apoiei os sonhos de Isadora, consciente de que já bastava minha própria frustração na família.
Estou determinada a fazer o que for necessário para garantir que Isadora não enfrente os mesmos desafios que eu enfrentei na adolescência.
Muitas pessoas acham lindo o esforço que tive que fazer para ajudar a minha família desde os catorze anos, porém só eu sei as consequências de ter que abrir mão da minha adolescência para trabalhar para colocar comida em casa.
É difícil compreender por que minha mãe optou por engravidar duas vezes, mesmo ciente de que não teria condições de proporcionar um futuro digno para suas filhas. Lembro-me de momentos em que precisávamos dividir um simples ovo frito entre as três, enquanto minha mãe ainda falava em tentar ter um filho homem. Agradeço a Deus por não ter ouvido essas preces. É uma realidade amarga ver como é fácil ter filhos e simplesmente transferir a responsabilidade para a filha mais velha.
Meu amor por Isadora é imenso, mas é angustiante saber que ela já passou fome devido à irresponsabilidade de nossos pais.
Quando o Chorão ligou, estava sentada no sofá da sala, hesitei em atender de imediato para não demonstrar desespero.
— Oi, Rato! — zombei, rindo. — Já vindo me buscar pra gente ir pro motel?
— Tu ainda vai virar notícia do Cidade Alerta, Emília.
— Credo, Chorão!
— Se não sabe brincar, não começa!
— Tá, parei. Como você tá?
— Com saudade e contando os dias pra te ter de novo nos meus braços.
— Hum...
— Tu tá estranha, Emília — Chorão reclamou no meio da ligação. — Fala o que tá pegando pra gente resolver.
— E você nem imagina o motivo?
Três dias se passaram desde nossa última visita íntima, e apesar de eu expressar minha insatisfação com o comportamento de Chorão, ele parecia ignorar minhas preocupações e sentimentos. Agia como se tudo estivesse bem entre nós, mesmo diante da clara evidência de que seu comportamento estava me magoando. Era desconcertante ver como ele parecia desconectar-se das minhas emoções e continuar como se nada tivesse acontecido.
— Cê ainda tá bolada porque gozei na sua calcinha?
— O problema não é gozar na minha calcinha, o problema é a agressividade que você pediu para gozar na minha calcinha.
— Tu não acha que tá exagerando, coração?
— Não, eu não estou exagerando — insisti e respirei profundamente. — Eu realmente me senti mal quando você falou daquele jeito comigo.