Capítulo 45

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Esperar no carro nunca foi meu forte, mas ali estava eu, ansioso, enquanto Emília e Isadora estavam dentro do hospital

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Esperar no carro nunca foi meu forte, mas ali estava eu, ansioso, enquanto Emília e Isadora estavam dentro do hospital. Tinha pedido pro Rato providenciar roupas para Isadora e Pedro, porque na correria, a gente não teve tempo de prestar atenção nesses detalhes.

Minhas mãos suavam no volante quando vi meu irmão chegando com Cláudia na garupa da moto. Meu coração acelerou. A última coisa que eu precisava era de um confronto com Emília se ela aparecesse naquele instante. Orei em silêncio para que ela demorasse mais um pouco.

Saí do carro, tentando parecer calmo, e os cumprimentei com um aceno de cabeça. Cláudia desceu da moto primeiro e veio direto me abraçar.

— Meu Deus, tô tão feliz que você tá solto! — disse ela, me apertando forte.

Fiquei sem reação por alguns segundos, meu corpo tenso, mas a abracei rapidamente com apenas um lado do braço enquanto estendia o outro para pegar a bolsa que o Rato carregava. Ele não estava feliz em me ver abraçando a esposa dele depois de tudo o que aconteceu, e eu também não estava confortável com a situação.

Finalmente, Cláudia me soltou, me olhando um pouco chateada pela minha reação fria. Sinceramente, não sei o que ela esperava depois de tudo que aconteceu. Transei com ela, meu irmão descobriu, e nossa relação foi pro brejo. Agora, minha preocupação era com Emília aparecer e surtar achando que quero a Cláudia.

Ignorei o clima ridículo que se instalou e peguei a sacola para verificar as peças que o Rato trouxe. Vi que ele tinha trazido roupas do tamanho certo e confortáveis. Um alívio pequeno no meio de tanta tensão.

— O que houve com o Pedro? — Rato perguntou, curioso.

— Ele tava transando com uma garota e acabou machucando o pau — respondi, tentando não rir da ironia.

Rato fez uma careta de dor e negou com a cabeça.

— Nem sabia que ele gostava de menina.

— Tem gente que gosta de homem e mulher — repliquei, dando de ombros.

Cláudia parecia surpresa e assustada com a revelação.

— O Pedro se assumiu pra você? — ela perguntou, com uma expressão de incredulidade.

— Tem que ser um pai muito ausente ou burro para não perceber a sexualidade do próprio filho — respondi, minha voz saindo mais rude do que pretendia.

Cláudia suspirou, sua expressão mudando para algo mais sombrio.

— Espero que a Catarina goste de mulher, porque homem só gosta de usar e abusar da gente e depois age como se a gente não fosse nada.

Rato não deixou passar a oportunidade de alfinetar.

— Como se não tivesse mulher igual ou pior que homem — ele rebateu, em tom de acusação, encarando a esposa.

O clima estava ficando insuportável e a Emília apareceu para piorar o clima e veio andando na nossa direção com o cenho franzido. Meu estômago deu um nó só de vê-la.

— O que aconteceu? — ela perguntou, a voz firme e preocupada.

— O Rato veio trazer algumas roupas para os dois. — expliquei, tentando manter a calma.

Emília assentiu, cruzando os braços, e olhou para a Cláudia, forçando um sorriso que não alcançou os olhos.

— Quer água? Parece cansada... — Rato ofereceu uma garrafinha d'água para ela.

— Não, obrigada. Lembro bem o que aconteceu da última vez que tomei uma das suas águas... — Emília riu, mas havia uma ponta de amargura na sua voz, enquanto Rato negava com a cabeça, rindo também.

Cláudia pareceu odiar a interação deles, assim como eu. A cada segundo, o desconforto crescia, como uma onda prestes a quebrar.

— Tenho que ir, mas se precisarem de mais alguma coisa, podem me chamar — Rato se prontificou, e Emília deu um abraço e beijou o rosto dele.

Até ele ficou surpreso com a atitude dela, e eu tive que respirar fundo para não perder a cabeça.

Rato e Cláudia finalmente subiram na moto e foram embora, deixando um rastro de tensão no ar.

— Tu tá pensando o que abraçando e beijando o Rato assim, Emília? — Não consegui evitar que minha voz saísse mais alta do que pretendia.

— Provavelmente a mesma coisa que você pensou quando abraçou a Cláudia. — Deu de ombros e foi em direção ao carro.

— Ela que me abraçou! — rebati, seguindo-a de perto.

— Você não impediu. — Emília abriu a porta de trás e começou a procurar algo no chão do carro.

De repente, ergui a sobrancelha, voltando no tempo, me recordando da corrida que participei que acabou ocasionando a morte do Lucas.

— O que você quis dizer com aquele lance de água que o Rato te ofereceu? — perguntei, minha curiosidade misturada com uma pitada de desconfiança.

— Ele me deu água batizada para beber, porque tava sem paciência comigo.

— Quê? Quando foi isso? — A incredulidade na minha voz era evidente.

— No dia que a Helena invadiu a minha casa e fomos para um motel — ELA disse, com um tom casual que me irritou.

— Nem me lembra disso... — murmurei, a raiva borbulhando por dentro.

Emília riu, se levantando com uma identidade em mãos.

— Tenho que ir na recepção finalizar a ficha do Pedro. Você vai esperar a gente?

— Com certeza — respondi, tentando esconder minha frustração.

Emília deu um sorriso e pegou a sacola com roupas, voltando para o hospital.

Fiquei com uma pulga atrás da orelha sobre o Rato. Não queria acreditar que ele fosse capaz de me dar água batizada, mesmo sabendo que eu ia correr. Mas foi no mesmo dia em que transei com a Cláudia... Minha mente começou a conectar os pontos.

O pensamento me consumia. Será que ele me deu água com sonífero? Se for verdade, isso explicaria muita coisa. Aquele momento em que perdi o controle do carro, que parecia inexplicável... Foi por causa dele que acabei matando o Lucas?

Essas perguntas me atormentavam. Minha cabeça fervilhava com as possibilidades, e o calor sufocante dessa cidade não ajudava em nada. Entrei no carro, sentindo o suor escorrer pelas têmporas, e liguei o ar condicionado. O ar frio trouxe um alívio momentâneo, mas os pensamentos continuavam a me consumir. Precisava de respostas, e precisava delas rápido.

 Precisava de respostas, e precisava delas rápido

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ATRAÍDA PELO TRÁFICOOnde histórias criam vida. Descubra agora