[Este livro não retrata a realidade nua e crua das favelas, é apenas uma história fictícia com o intuito de entreter]
❝ Uma conexão obscena entre um sequestrador e sua refém ❞
Após passar 72 horas como refém do temido líder da facção, Chorão, Emília...
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— Não seria surpresa se ele te enganasse — Rato afirmou com o semblante melancólico. — A especialidade do Chorão é quebrar a confiança das pessoas que gostam verdadeiramente dele.
— E você nunca errou com as pessoas? — Tentei defender o Chorão no automático. — Ninguém é perfeito, sabe?
É surpreendente perceber o quanto me envolvi emocionalmente com aquele homem, chegando ao ponto de sentir uma necessidade genuína de protegê-lo de qualquer crítica ou julgamento externo. Essa conexão profunda que desenvolvi me faz questionar até que ponto estou disposta a ignorar seus defeitos ou falhas, simplesmente porque minha afeição por ele supera qualquer aspecto negativo que os outros possam enxergar.
— Por mais difícil que possa parecer, eu sou um cara bacana e, geralmente, as pessoas quebram a confiança que deposito nelas.
— Mas você trai a Cláudia.
— Ela me traiu primeiro.
— E você não raspou a cabeça dela? — Suspendi a sobrancelha. — Porque é isso que traficantes fazem com mulher que coloca chifres neles, não é?
— Eu ainda não era traficante. — Ele riu sem graça. — Tô com ela desde quando tínhamos uns quinze anos.
— Caramba! — Arregalei os olhos. — Então são quinze anos juntos?
— É... Mais ou menos isso.
— E o Chorão já foi casado?
— Vocês nunca conversaram sobre isso?
— A gente não teve muitas oportunidades, sabe? — Ri de nervoso e completei: — As únicas vezes que estivemos juntos foi quando ele me manteve refém e quando tive que transar com ele.
— Entendi.
Respirei profundamente sem saber como continuar a conversa.
— Foi mal, Emília. Eu não deveria tá falando mal do Chorão pra você.
— Não se preocupe, porque eu entendo o seu lado.
— Não, não entende. — Rato abaixou a cabeça por alguns segundos e voltou a me encarar com o semblante triste. — Todo mundo sempre entende o lado do meu irmão, mas nunca o meu.
Forçando um sorriso, percebi imediatamente que o Rato estava tentando me manipular contra o Chorão. Sentindo uma onda de desconforto, aumentei o ritmo ao tomar o sorvete, me mantendo em silêncio para evitar ofendê-lo.
Sabia que o Rato era capaz de causar danos a qualquer momento se percebesse que suas tentativas de manipulação não estavam funcionando comigo. Consciente do perigo, não podia arriscar-me ao desafiar um homem envolvido com o tráfico de drogas.
Eu confronto o Chorão porque acredito que ele só me machucaria se eu cometesse algo realmente grave, mas quando se trata do irmão dele, as coisas mudam completamente de figura.