Capítulo 17

13K 1K 218
                                    

Estou evitando conversar com o Chorão desde o dia que ele confessou que matou o próprio pai, porque essa informação me assustou

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Estou evitando conversar com o Chorão desde o dia que ele confessou que matou o próprio pai, porque essa informação me assustou.

Compreendo que não posso julgá-lo sem conhecer toda a história, mas ainda assim não consigo evitar o questionamento: será que a próxima vítima poderia ser eu?

Amanhã, irei visitá-lo pela segunda vez, e uma mistura de medo e excitação permeia meus pensamentos, ocupando o mesmo espaço na minha mente.

Meu turno no bar chegou ao fim quando Gabriela cutucou meu braço, despertando minha curiosidade para minha melhor amiga.

— O que foi, Gabi?

— Teu cunhado veio te ver — Gabriela avisou, com uma risada sarcástica, e levantou o queixo em direção à saída do bar.

Rato encontrava-se em cima da sua moto e o seu olhar misterioso pairava sobre mim.

— Esse homem é uma praga — sussurrei e tirei o avental da minha cintura.

— Mas fode muito bem, Lia.

— Você não tem ciúmes dele?

— Quem tem que ter é a esposa dele e do jeito que o chifre é trocado entre os dois, eu duvido que ela se importe.

Gabriela se afastou de mim para atender os recém-chegados clientes, e um nó se formou em minha garganta, sabendo que em breve enfrentaria o Rato.

Com um gesto de mão, sinalizei para o irmão mais novo do Chorão me esperar, e me encaminhei para o banheiro dos funcionários em busca da minha bolsa.

O ambiente era unissex, com uma fileira de armários de ferro destinados aos pertences dos funcionários e quatro cabines disponíveis.

Apesar da simplicidade do local, o bar exibia uma limpeza impecável, organização exemplar e decoração atraente, atraindo uma clientela diversificada, que ia desde motoristas de ônibus até patricinhas da zona sul.

Não compreendo o fascínio dessas pessoas ricas pela favela, mas alguns chegam ao extremo de pagar para os jovens locais guiá-los pelas vielas e permitir que tirem fotos sobre os telhados.

Particularmente, vejo isso como uma oportunidade inteligente de lucrar com quem possui recursos financeiros.

— O que aquele tal de Rato tá querendo na frente do meu bar, Emília? — Arthur, meu chefe, perguntou ao entrar no banheiro no mesmo instante que eu abri o meu armário. — Não me meto na vida das minhas funcionárias, mas não quero que vocês tragam os seus problemas para o meu estabelecimento.

Senti o rosto arder de vergonha por receber uma bronca do meu chefe por causa das minhas conexões com bandidos, e apenas assenti.

— Não vai mais acontecer, Arthur.

— Certo.

O homem magro e loiro saiu, deixando-me ali, sentindo-me como um lixo dentro daquele banheiro, refletindo sobre as péssimas escolhas dos últimos dias.

ATRAÍDA PELO TRÁFICOOnde histórias criam vida. Descubra agora