Capítulo 52

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O dia do enterro da Cláudia amanheceu nublado, como se o céu soubesse do peso daquela despedida

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O dia do enterro da Cláudia amanheceu nublado, como se o céu soubesse do peso daquela despedida. Chegamos ao cemitério em silêncio, com os passos arrastados e a dor visível em cada rosto. O cortejo seguiu lentamente até o túmulo, onde uma pequena multidão se reunia em volta do caixão. Catarina, a filha de Cláudia, estava entre nós, segurando firme a mão do Rato. Os olhos dela estavam perdidos, como se não conseguissem entender tudo o que estava acontecendo.

O padre começou a falar, mas as palavras pareciam distantes, abafadas pela tristeza. Chorão estava ao meu lado, rígido, o olhar fixo no caixão. Cada vez que o padre dizia algo sobre a vida da Cláudia, o rosto de Chorão endurecia ainda mais.

— Ela não merecia isso... — ele murmurou, quase sem voz.

— Ninguém merece — respondi, apertando sua mão na tentativa de dar algum conforto.

O padre continuava, falando sobre a paz e o descanso eterno, mas aquelas palavras soavam vazias para quem estava ali, especialmente para o Rato. Ele segurava Catarina com uma força que parecia a única coisa que o mantinha de pé.

Quando chegou a hora de jogar a terra sobre o caixão, o silêncio foi rompido pelos soluços de Catarina. Ela não conseguia segurar o choro, e cada lágrima dela parecia rasgar ainda mais o coração do Rato. Ele tentou se manter forte, mas quando pegou um punhado de terra e jogou no caixão, sua voz quebrou:

— Por que você fez isso, Cláudia?

A dor na voz dele fez todos ao redor se estremecerem. Catarina se agarrou ao pai, chorando mais ainda. Chorão olhou para o chão, como se quisesse desaparecer ali mesmo.

— Vai ser difícil, mas você precisa ser forte por ela, Rato — sussurrei, tentando ajudá-lo a manter o controle.

Ele assentiu, mas o olhar dele estava distante, perdido na dor.

O enterro terminou, mas ninguém parecia querer sair dali. O cemitério estava quieto, apenas o som de passos sobre a grama molhada quebrava o silêncio. Cada um de nós estava preso em seus próprios pensamentos.

Enquanto o caixão desaparecia sob a terra, a sensação de perda se tornava ainda mais real. Cláudia estava realmente se indo, e não havia nada que pudéssemos fazer para mudar isso. Chorão, com os olhos ainda fixos no túmulo, murmurou algo baixinho que eu não consegui entender.

E assim, a despedida final foi selada com um silêncio doloroso, enquanto nos afastávamos lentamente, deixando Cláudia para descansar.

[...]

Na volta para casa, Chorão parecia estar em um buraco mais profundo do que se esperava de um cunhado. Ele tentava disfarçar, especialmente na frente do Rato, mas seus olhos, perdidos e vazios, diziam mais do que qualquer palavra poderia.

Minha mente estava cheia de pensamentos sobre as perdas recentes. GV estava em coma, lutando pela vida, e agora Cláudia... Cláudia decidiu que não aguentava mais e acabou com a própria vida na frente da filha. Catarina ficou sem mãe e com um trauma enorme. Só de pensar nisso, meu coração se apertava.

ATRAÍDA PELO TRÁFICOOnde histórias criam vida. Descubra agora