Depois de me despedir do Rato, entrei em casa e encontrei a Isadora na sala de estar tentando pegar a galinha que estava no sofá como se fosse a dona da casa. A cena me arrancou um sorriso.
— Ela quer dar uma tímida, mas acho que é só cu doce igual a você — Isadora me provocou, erguendo uma sobrancelha, divertida. Revirei os olhos, já acostumada com suas piadinhas sem graça. — É isso, o Chorão gosta de galinha que faz cu doce.
— Cadê o Pedro? — indaguei, desviando do assunto, enquanto largava minhas coisas em cima da mesa.
— Tá dormindo no quarto da nossa mãe — Isadora respondeu, finalmente desistindo de pegar a galinha. Ela se jogou no sofá ao lado da ave, suspirando. — Ele parece legal, tô me sentindo culpada pelo que fiz com a vagabunda lá.
A menção das piores mães que já conheci fez meu estômago revirar.
— Ele disse algo pra você? — perguntei, mais preocupada agora.
— Pediu desculpas pelo que a louca da mãe dele fez — Isadora disse, olhando para o teto.
— Como se o coitado tivesse culpa — murmurei, sentindo um peso no peito.
— Quanto tempo você vai ter que ficar com esse gesso? — Os olhos da minha irmã lacrimejaram.
— Dez dias, no máximo. Não é nada grave.
Isadora se ergueu do sofá e me abraçou, sussurrando palavras de conforto.
[...]
Com a ajuda da Isadora, tomei um banho rápido e vesti um pijama rosa bem confortável para poder dormir. O cansaço e a dor finalmente me dominaram, e eu desmaiei na cama.
Acordei ao anoitecer, sentindo-me revigorada, mas ainda dolorida nas partes íntimas. Lembrei do motivo e um misto de vergonha e raiva passou por mim. Respirei fundo, afastando esses pensamentos, e me levantei.
— Tô morrendo de fome — disse ao chegar na sala de estar e encontrar a Isadora e o Pedro assistindo filme.
Os dois sorriram para mim, e eu agradeci mentalmente pela Isadora ser extremamente sociável e fazer amizades facilmente, pois o Pedro parecia bastante confortável ao seu lado. Eles estavam sentados próximos, compartilhando uma tigela de pipoca, e a cena me trouxe uma sensação de normalidade que eu tanto precisava.
Reparei que Isadora estava vestindo uma camisola branca, enquanto Pedro usava apenas uma bermuda preta. Apesar da aparência descontraída, notei uma certa tensão nos ombros dele, o que me fez lembrar de como essa situação era complicada para todos nós.
— O GV trouxe comida e um pacote pra você — Isadora informou, apontando para a mesinha de centro, onde uma sacola de papel estava cuidadosamente colocada. Ao lado dela, estava um envelope com meu pagamento pela visita íntima ao Chorão.
Me aproximei, peguei o envelope de dinheiro. Levei para o meu quarto, dividi o dinheiro em montantes menores e guardei embaixo do meu colchão. Não tinha como colocar no banco, ou eu teria que pagar imposto de renda, e eu não sou otária. Já basta pagar água, luz e aluguel.
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ATRAÍDA PELO TRÁFICO
ChickLit[Este livro não retrata a realidade nua e crua das favelas, é apenas uma história fictícia com o intuito de entreter] "Uma conexão obscena entre um sequestrador e sua refém" Após passar 72 horas como refém do temido líder da facção, Chorão, Emília l...