Depois que o Chorão desligou, percebi que estávamos em um casebre modesto, claramente projetado para passar despercebido. A sensação de estar em um ponto de drogas tornava impossível me sentir confortável e segura.
— Então, é essa a garota que vai fazer os corres comigo? — Um moreno tatuado saiu de uma porta, deu um sorriso de lado para mim e estendeu seu braço na minha direção. — Eu sou o Vk.
— Eu sou a Emília.
Trocamos um aperto de mão rápido.
— Emília? — Ele franziu o cenho e olhou rapidamente para Diego antes de fixar seus olhos em mim. — A garota do Chorão?
— A própria — Diego respondeu.
— Ele vai matar a gente, porra! — Vk fez uma careta e se afastou de mim, indo em direção ao seu amigo.
— Ninguém tá obrigando ela a nada, Vk. — Diego se defendeu. — Só estamos dando mais uma opção para ela colocar comida na mesa. Se ela quiser, pode continuar dando pro macho casado dela.
— Dando uma opção igual o Chorão deu a escolha de mais uma rola para tua mulher?
— Ele fez o mesmo com a tua sobrinha.
Meu Deus, tem alguém nesse morro que o Chorão não comeu?
— Acho melhor eu ir embora, Diego. — Olhei para o homem que me trouxe. — Eu não quero te ofender, nem nada, mas esse lugar não é ambiente pra mim.
— Tá com medo?
— Um pouco. — Pendi a minha cabeça para o lado.
— Eu entendo. — Ele riu, compreensivo. — Vou te levar em casa.
— Tu tá com a gente, Emília! — Vk se intrometeu. — E todo mundo sabe que você tá no nome do Chorão, então pode ter certeza que ninguém vai mexer contigo.
— Mas é que...
— Você não pensa em dar uma vida melhor e mais luxuosa para sua família? Foca nisso, garota.
Concordei com um aceno de cabeça e inspirei profundamente, fazendo um esforço mental para manter minha compostura e ocultar os tremores de nervosismo que ameaçavam me dominar. Mas me sentia incapaz de evitar a percepção do terror que se enraizou em meu ser, enquanto me via encurralada em um espaço pequeno com bandidos.
Dei alguns passos para longe dos dois e me deparei com uma cena que arrepiou até os pelos mais ínfimos de minha pele. Uma mesa, adornada com instrumentos: uma balança de metal, plásticos translúcidos, facas afiadas o suficiente para desmembrar meu corpo, e um maçarico.
Será que aqui acontecem torturas e assassinatos? Sempre pensei que fossem em lugares mais reservados e ocultos.
— Isso tudo aí serve pra cortar e endolar as drogas — Vk me explicou, mesmo sem eu perguntar, como se pudesse ler minha mente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ATRAÍDA PELO TRÁFICO
Chick-Lit[Este livro não retrata a realidade nua e crua das favelas, é apenas uma história fictícia com o intuito de entreter] "Uma conexão obscena entre um sequestrador e sua refém" Após passar 72 horas como refém do temido líder da facção, Chorão, Emília l...