Eu ainda estou sem acreditar que a Helena teve a coragem de agredir a Emília outra vez, mesmo depois da lição que dei nela na última visita para ela nunca mais encostar um dedo na minha garota. Eu tinha deixado claro para Helena que não haveria uma próxima vez. Lembro das lágrimas de raiva e dor nos olhos dela enquanto eu a castigava, mas parecia que aquilo não tinha sido o suficiente para detê-la. A audácia dela me faz questionar se realmente entendeu o recado ou se simplesmente não tem medo das consequências.
Como se não bastasse me desobedecer, a Helena ainda armou uma emboscada para tentar matar uma inocente que não tem nada a ver com as nossas tretas. Essa foi a gota d'água. Eu estava aqui dentro, preso, e ela lá fora agindo como se fosse a dona do pedaço, ignorando completamente a hierarquia e as regras que eu e meus irmãos impomos há muito tempo. A raiva que sinto é indescritível.
Lembro que fiquei puto quando soube que a Emília ia para o baile funk, mas, agora, tenho certeza que foi Deus que fez aquela garota sair de casa pelo menos uma vez na vida. Eu sabia que aquele ambiente não era o melhor para ela, mas, ironicamente, acabou sendo uma bênção. Aquela saída pode ter salvo a vida dela. Enquanto estava distraída no baile, os capangas de Helena estavam planejando o ataque. Felizmente, não a encontraram em casa.
Estou ligando para ela há horas e nada dela me atender. A ansiedade me consome. Estou preso, impotente, e a única coisa que posso fazer é esperar uma resposta dela. Cada toque que vai para a caixa postal é uma tortura. Será que está bem? Será que aconteceu alguma coisa?
Não acredito que a Emília vai me fazer endoidar aqui dentro e fugir dessa cadeia antes do tempo só para ter certeza que ela está bem. Minha liberdade está tão próxima, mas a ideia de algo ter acontecido com ela faz meu sangue ferver. Se eu soubesse que ela está em perigo, não hesitaria em fugir, não importam as consequências.
Me atende, coração. Por favor, me atende.
Às vezes, acho que ela esquece com quem está lidando e que posso dar uma surra nela para aprender a me respeitar. Não quero machucá-la, mas a frustração me faz pensar em medidas extremas. Ela precisa entender que a nossa relação exige respeito e obediência, que não pode me deixar no escuro dessa maneira.
Nas semanas que a Emília ficou sem vir nas visitas íntimas, ela me fez sentir tanta falta da sua presença que me fez ter certeza que pela primeira vez o meu coração tinha uma dona ocupando ele. Eu nunca tinha sentido isso por ninguém. A ausência dela me consumiu, me deixou vulnerável de uma forma que eu nunca experimentei. Aquela distância só fez aumentar o meu desejo e a minha necessidade de tê-la por perto.
Durante esse tempo que recebi um gelo da Emília, eu sempre arrumava uma desculpa para falar com ela por ligação, porque necessitava ouvir a voz dela nem que fosse para me esculachar. Cada ligação era uma batalha para conseguir um minuto da atenção dela. Eu preferia ser insultado do que não ouvir sua voz. Aquilo me mantinha são.
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ATRAÍDA PELO TRÁFICO
ChickLit[Este livro não retrata a realidade nua e crua das favelas, é apenas uma história fictícia com o intuito de entreter] "Uma conexão obscena entre um sequestrador e sua refém" Após passar 72 horas como refém do temido líder da facção, Chorão, Emília l...