[Este livro não retrata a realidade nua e crua das favelas, é apenas uma história fictícia com o intuito de entreter]
❝ Uma conexão obscena entre um sequestrador e sua refém ❞
Após passar 72 horas como refém do temido líder da facção, Chorão, Emília...
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Xingamentos chegaram ao meu ouvido assim que Dinho atendeu a ligação, e eu só conseguia ouvir a voz do Chorão ameaçando cometer todas as atrocidades que ele poderia fazer com o próprio irmão caso eu fosse machucada.
— Se eu souber que um fio de cabelo da Emília tá fora do lugar, eu mato a Inaê e jogo os pedaços daquela cadela pela favela inteira — Chorão tentou aterrorizar o Dinho, mas seu irmão deu uma risada irônica. — Ela não tem nada a ver com os nossos problemas!
O pavor tomou conta de mim, porque se o Chorão é capaz de ameaçar um familiar que tem o seu sangue, imagina o que ele não faria comigo.
— Nem a Inaê, seu desgraçado! Então, não ameaça ela ou da próxima vez, eu não vou só dar uma voltinha com a Emília!
— Eu não falei sério, Dinho! Sei que você tá chateado comigo por algo que nem aconteceu, mas eu não ia fazer mal a uma garota que pode ser a minha sobrinha.
— Ela não é minha filha, porra!
— Não é porque vocês estão se pegando que o DNA vai dar negativo.
Além de bandido, é incestuoso?
— Olha, só deixa a Inaê de fora da nossa briga.
— Deixa a Emília em paz também.
Depois de alguns minutos de discussão, Dinho me entregou o celular sem dizer uma palavra e subiu na moto, dando partida em seguida, sem me dar a oportunidade de ir embora com ele.
— Você vai me deixar aqui sozinha? — gritei, mas fui completamente ignorada por ele, que simplesmente seguiu seu caminho.
— Emília? — Ouvi Chorão me chamar e coloquei o celular na orelha. — Fica calma que o GV tá indo aí, coração. Mandei mensagem pra ele enquanto tava conversando com o meu irmão.
— Como vou me acalmar se estou sozinha no meio do nada? — Olhei ao redor, e o medo de algum homem mal-intencionado apareceu.
— Eu tô aqui, é só continuar falando comigo.
— Sem ofensa, mas falar com o cara que me fez de refém não vai me ajudar muito.
— Realmente, Emília! — Sua voz soou em tom de divertimento e ele completou: — O que você precisa pra se acalmar tá mole e um pouco longe.
Prensei meus lábios, me esforçando para não sorrir da sua piadinha sexual e suspirei fundo.
— Consigo te imaginar apertando seus lábios pra não rir, coração.
— Aqueles três dias te fizeram aprender muito sobre mim.
— Tava com saudades de ouvir a sua voz — Chorão confessou.
Abaixei a minha cabeça e encarei meus pés quando as lembranças daqueles dias invadiram a minha mente.