Quando voltou da cidade após deixar Marie no colégio, Tanapon correu até Ohm para mostrar o jornal local. O chefe havia saído na capa daquela edição, que relatava seus esforços em benefício da região. Orgulhosa, Tia Godji abraçou Ohm, que riu envergonhado.
Chimon, que tinha acompanhado Tanapon até o centro comercial, num ímpeto de gratidão, imitou Tia Godji e o abraçou também, sendo seguido por Tanapon, provocando uma gargalhada contagiante no chefe.
Todos entendiam o sentimento que aflorava no coração de Chimon, porque ele morava com a avó e cuidava dela, que era acamada. Com a melhoria da estrada, seria muito mais fácil para que o médico viesse atendê-la quando fosse necessário. Ohm sempre deixava seu carro a disposição de Chimon, caso ele precisasse em uma emergência, mas em dias de chuva mais intensa, nem mesmo seu carro tinha condições de trafegar por ali.
Nanon viu Chimon enxugar uma lágrima ao se afastar.
“Só falta você.” Tia Godji empurrou Nanon para o lado de Ohm e os dois se entreolharam espantados “Você merece todo amor do mundo, filho.” Ela completou.
Nanon o abraçou rapidamente, deu dois tapas leves nas costas do chefe e se afastou. Ohm não parecia ter ficado constrangido e seguiu conversando com os funcionários a respeito dos comentários que estavam sendo feitos pelas outras pessoas na cidade.
Nanon olhou para os três exemplares do jornal que o encarregado tinha comprado e pediu um deles. O amigo acenou com a cabeça e voltou a conversar com o chefe.
À noite, em casa, Nanon recortou a foto de Ohm e colocou na carteira. Ele estava particularmente bonito e Nanon pensava que era uma boa lembrança para quando ele fosse embora.
Todas as tardes das três últimas semanas, Nanon era capturado no escritório e levado para a sala do piano por Marie. E toda vez, Ohm intervinha para permitir que Nanon pudesse tomar um banho e comer algo antes deles prosseguirem.
Marie tinha receio de que o pai mudasse de ideia e cancelasse as aulas. Ela sabia que o pai vinha se comportando de um jeito mais arredio, principalmente perto do Tio Nanon, e ela creditava que se mostrasse muito interesse por ele, como professor, talvez seu pai o aceitasse melhor.
Tio Nanon era um adulto legal, que não a enxergava como uma bonequinha e nem subestimava sua inteligência. O Tio fazia piadas com seu pai e muitas vezes ele não percebia. Ela ria discretamente porque sabia que não era certo, afinal era desrespeitoso por seu pai ser chefe dele. Nunca era nada muito pesado, só um pouco de deboche. Ela se culpava por achar engraçado, no entanto seu pai merecia, porque a cada dia estava mais bobo e mandão.
E não era só isso que tinha mudado no comportamento dele. No começo, ela ficou feliz pelo pai acompanhar suas aulas, mas depois de alguns dias, ela percebeu que tinha algo estranho na presença constante dele. Ela já tinha feito outras aulas em casa e o pai nunca a acompanhou por tanto tempo.
Sua mãe fazia questão de que ela aprendesse francês e seu pai insistia para que o último desejo dela fosse satisfeito. A professora contratada, na época, passou dois anos dentro da casa e ele mal a via. Até mesmo o pagamento era feito pelo Tio Tanapon. Porém, desde que Tio Nanon começou a dar as aulas, seu pai tinha providenciado uma poltrona nova para a sala e se sentava atrás dos dois.
Com Tio Nanon havia respeito e uma certa cumplicidade. Ela lembrava de como seu coração bateu de maneira descompassada ao ficar perto dele pela primeira vez, contudo, agora, isso não acontecia mais. Ela se sentia desse jeito com Bright, o filho de Saint, seu melhor amigo. Os dois eram bonitos, engraçados e gentis com ela.
Tia Godji já tinha falado para ela ter cuidado com os homens, principalmente os mais velhos, porém ela não sabia exatamente o que deveria temer. Tio Nanon, Tio Tanapon e Chimon eram os únicos adultos com quem ela interagia frequentemente fora da escola e eles eram sua família.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Tempo
FanficOhm Pawat é um fazendeiro rico, viúvo e pai solo. Nanon Korapat é herdeiro de um circo falido. Eu tinha prometido para mim mesma que só escreveria sobre Pat e Pran, mas nesse caso, eu precisava de um pouco das personalidades de OhmNanon. E, como eu...