Marie estava muito feliz naquela manhã, pois seria seu último dia de aula antes da mudança para o novo colégio. Ela sorria para o pai e alisava o pingente do seu novo colar, enquanto o ouvia falar sobre algum assunto irrelevante para ela neste momento.
Na noite anterior, ela tinha acordado assustada por um pesadelo e foi até o quarto do pai, mas o lugar estava vazio e com a porta aberta. Ao descer as escadas, ela ouviu Tio Nanon e seu pai conversando na sala do piano. Tio Nanon estava sentado no braço da poltrona em que o pai estava e olhava para uma caixa pequena que ele segurava. Eles pareciam bem à vontade juntos e Marie sentiu uma sensação estranha. Era o mesmo incômodo que sentia quando via Bright sorrindo para outras garotas.
Ela apertou o corrimão e conteve seu desejo de empurrar este homem de perto de seu pai, aquele lugar pertencia a ela.
Não! Ela não podia pensar assim, era o TIO Nanon! Não era um homem qualquer.
E eles eram amigos.
“Será que ela vai gostar?” Seu pai perguntou e Tio Nanon sorriu, acenando com a cabeça.
De quem eles estavam falando? Quem era ela?
Marie desceu o restante dos degraus correndo e viu Tio Nanon pular para ficar em pé e se afastar de seu pai, que praticamente jogou a caixa para o lado e correu em direção à filha.
“O que houve?” Ohm a abraçou.
Ela colou o rosto em seu peito e ouviu o coração dele bater desesperadamente. Do outro lado, Tio Nanon alisava o pulso, onde sempre ficava aquele relógio velho, e a olhava preocupado.
“Eu tive um pesadelo.” Marie falou e quis chorar, porém as imagens que a assustaram durante o sono já tinham escapado da sua lembrança.
Como se estivessem coordenados, ela viu Tio Nanon respirar aliviado do mesmo modo que seu pai tinha feito. Ela se apertou mais contra o peito dele, como se pudesse mantê-lo somente para si.
“Eu estou aqui, não vai acontecer nada com você!”
A respiração do pai balançou seus cabelos antes dele beijá-la no topo da cabeça.
“Não tinha ninguém no seu quarto e eu fiquei com medo!” Ela choramingou e mentiu.
Ela sabia que o pai passava algumas noites fora do quarto no escritório e isso a irritava um pouco, porque não podia estar com ele, mas nunca foi motivo para ter medo. Seu pai sempre estaria ali para ela.
“Eu acho melhor...”
“Sim, é melhor você ir, Tio Nanon! Eu quero ficar com O MEU pai!” Marie o interrompeu e viu Tio Nanon se sobressaltar, baixar a cabeça e andar em direção ao corredor.
“Nanon, espera!” Ohm falou e estendeu uma mão em direção a ele.
Ela odiava como Tio Nanon parecia ver dentro da sua alma. Embora o pai não parecesse perceber seu ciúme, ela sabia que Tio Nanon enxergava isso.
Marie se afastou do pai, envergonhada pelo seu comportamento: era o Tio Nanon! Não havia necessidade de tratá-lo desta forma.
Seu pai segurou suas mãos e sorriu para ela.
“Eu sempre vou te proteger, filha. Eu sempre vou estar com você.” Ohm foi até a poltrona e puxou a filha para que ela sentasse sobre seus joelhos.
“Eu sei!” Ela falou acanhada.
“Na nova escola, eu não vou poder estar com você o tempo todo. Filha, você ainda pode escolher ficar.” Ele sugeriu.
“Oohm...” Nanon murmurou seu nome com uma leve repreensão na entonação.
“Eu sei, pai!” Marie sorriu para o tio.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Tempo
FanfictionOhm Pawat é um fazendeiro rico, viúvo e pai solo. Nanon Korapat é herdeiro de um circo falido. Eu tinha prometido para mim mesma que só escreveria sobre Pat e Pran, mas nesse caso, eu precisava de um pouco das personalidades de OhmNanon. E, como eu...