Se Ohm não lembrava de que modo tinha voltado para casa na noite anterior, então tudo não tinha passado de um sonho.
Sim, mais um dos seus sonhos estranhos, porém dessa vez foi delicioso e tinha deixado a sensação da maciez dos cabelos de Nanon entre seus dedos.
Não foi um sonho.
Naquela noite, os comentários que os amigos da faculdade faziam sobre as mulheres que usavam a boca para satisfazê-los fez muito mais sentido. Ele não sabia que podia ser tão bom e era como se todas as suas energias tivessem sido drenadas.
Ele queria urrar e gemer quando gozou, mas, por acreditar que era um sonho, ele tinha receio de que acordaria se fizesse algum som mais alto, por isso apertou os lábios e fez um esforço para conter seu descontrole.
Depois disso, tudo ficou nebuloso, seu cérebro parecia ter entrado em um estado de suspensão, ele via Nanon aos seus pés, suas mãos acariciavam a cabeça dele, no entanto havia um grande vazio dentro da sua mente. Sem saber o que fazer, Ohm arrumou as calças e voltou para sua casa.
Ele deveria ter falado algo para Nanon, mas o quê? Obrigado? O prazer foi meu?
“Não, não, não!” Ohm tapou o rosto com as mãos e continuou deitado por mais um tempo.
Ele deveria ter dito alguma coisa, afinal simplesmente virar as costas e ir embora, deixando-o ajoelhado no chão, foi grosseiro da sua parte.
“Você poderia dizer que foi incrível.” Ohm disse enquanto colocava sua roupa de corrida.
“Você foi incrível!” Ohm testou como a frase soava sendo dita em voz alta e a impressão que tinha era de estar cumprimentando um trabalhador por um serviço bem feito.
Para Ohm, a entonação mais confortável era a que estava acostumado a usar no trabalho. Seu medo era dar vazão a essa outra voz que gritava em sua cabeça cada vez que ele encontrava com Nanon. Ele não queria parecer com essa garotinha encantada que vivia saltitando dentro do seu peito o tempo todo.
Não, ele não poderia dizer isso e não desta forma.
A corrida o ajudaria a colocar os pensamentos em ordem, principalmente porque a manhã estava linda, perfeita e o ar puro ajudaria a oxigenar seu cérebro e ele pensaria em uma forma de conversar com Nanon.
Ele desceu animado as escadas e notou que a janela do ateliê estava vazia. Ohm apalpou os bolsos procurando por seu relógio, mas lembrou que não o usava quando corria.
Será que era cedo demais? Ele olhou para o céu e o sol já aparecia forte no horizonte.
Será que era tarde e ele tinha cansado de esperar? Era sua terceira volta e ele não tinha aparecido ainda.
Ohm começou a cogitar a possibilidade de Nanon ter fugido no meio da noite. Seu comportamento tinha sido leviano e, apesar da iniciativa ter partido de Nanon, ele poderia considerar que tinha alguma obrigação em fazer o que fez.
E se Nanon estivesse se sentindo ofendido por ter sido deixado no chão daquela forma e o abandonado para sempre? E se Nanon acreditasse que Ohm o estava tratando como uma puta?
Eles não tinham conversado, ele só usufruiu daquela boca gozadora e impertinente e saiu sem nem se despedir.
O coração de Ohm batia muito rápido e seus pulmões não sabiam como se abastecer com o ar que as narinas puxavam.
Ao terminar a quarta volta, ele tinha decidido que invadiria o ateliê para checar se Nanon ainda estava lá. Entretanto, suas pernas não se moviam da maneira correta, suas passadas se assemelhavam a um trote desengonçado e pesado, tamanha era sua angústia.

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Tempo
Fiksi PenggemarOhm Pawat é um fazendeiro rico, viúvo e pai solo. Nanon Korapat é herdeiro de um circo falido. Eu tinha prometido para mim mesma que só escreveria sobre Pat e Pran, mas nesse caso, eu precisava de um pouco das personalidades de OhmNanon. E, como eu...