Passar as noites em claro pensando nos problemas pessoais ou financeiros era comum para Nanon, porém ter dificuldade para dormir por estar feliz era uma novidade.
Ele repassou mentalmente várias vezes cada acontecimento da noite anterior, desde o susto por ver uma mulher na casa de Ohm, até toda a cena de ciúme que aconteceu dentro do escritório. Seu coração acelerou em tantos momentos que lhe pareceu faltar o ar.
Quando os dois voltaram para sala, Nanon conversou brevemente com Irin e Marie e se despediu, afinal já era tarde e ele não queria que Ohm fizesse outra cena de ciúme. Era mais prudente dar um tempo para que ele assimilasse tudo o que tinha sido dito. Na verdade, após sair do escritório, Nanon também precisava respirar e se acalmar.
Ohm gostava dele de verdade. O quanto ele poderia se entregar a essa loucura?
Nanon cobriu o rosto com as mãos e se permitiu esquecer por uma noite que a realidade ainda poderia se tornar cruel e tudo isto poderia acabar em um piscar de olhos. Nesta noite, ele seria feliz com as lembranças dos beijos desesperados de Ohm, seu toque bruto e ansioso, o seu biquinho.
A gargalhada de Nanon soou alta na madrugada. Ohm tinha feito beicinho no meio da discussão e essa foi a coisa mais fofa e inusitada que ele já tinha presenciado na sua vida. Nanon abraçou o lençol, se virou de lado, ainda sorrindo e adormeceu.
Victoria Paulette pulou a janela, sondou o ambiente e estava tudo calmo, sem movimento nenhum na cama. Ela aproveitou para se esfregar nos móveis e ficou irritada por terem tirado um dos seus pertences. Ela pulou na pia e o humano fofinho não tinha deixado comida por ali, exceto um pequeno copo, onde ela enfiou o focinho, mas o cheiro da água estranha a fez sentir vontade de vomitar.
Humanos eram nojentos!
Ela encostou a pata no copo algumas vezes até que ele tombou, esparramando aquela água fedida por todo lado. Ela sentia que estava salvando o seu humano preferido.
A gata pulou de volta para o chão e olhou com reprovação para o espaço vazio no meio da sua sala. O seu móvel enorme e coberto de tecidos já tinha sido marcado e alguém o levou embora. Provavelmente tinha sido trabalho daquele humano grande, que corria feito um cachorro em volta da sua casa.
Ela enfiou as unhas no colchão, jogou o quadril para trás e alongou as patas antes de pular nos pés da cama. Sorrateira, ela caminhou até perto do rosto do humano fofinho e tentou tocar no nariz dele; era divertido ver como ele resmungava e movia sua pata humana, tentando espantá-la ainda de olhos fechados.
Ele tinha um focinho largo e suas bochechas não tinham bigodes. Devia ser bem difícil para ele andar a noite e, talvez por isso, ele ficasse tanto tempo em casa. No entanto, o humano grandão também não tinha bigodes e tinha vindo visitá-lo algumas noites. Isto era curioso. Ela deu mais um cutucão na cara sem pelos do seu humano e sentou.
Quem tinha arrancado seus bigodes? Dava para ver um buraco grande em cada uma das suas bochechas quando ele mostrava os dentes, do jeito que os humanos fazem ao rosnar. Provavelmente foi doloroso, mas ficou tão fofinho nele.
Ela colocou a pata sobre a marca que tinha surgido na sua bochecha e o humano ronronou: “Ohm?” e depois abriu os olhos.
Não era Ohm, mesmo assim o sorriso se manteve no rosto de Nanon, que levantou a tempo de ver a gata pular a janela iluminada pelo sol da manhã. Isto era um sinal de que ele já estava atrasado.
O dia estava perfeito, apesar do calor, uma brisa fraca deixava tudo mais agradável.
Na frente da casa de Ohm, Nanon viu que ele se despedia de Irin e Marie. Tanapon as aguardava e Chimon segurava Nong Nao ao seu lado.
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Tempo
FanfictionOhm Pawat é um fazendeiro rico, viúvo e pai solo. Nanon Korapat é herdeiro de um circo falido. Eu tinha prometido para mim mesma que só escreveria sobre Pat e Pran, mas nesse caso, eu precisava de um pouco das personalidades de OhmNanon. E, como eu...