Nanon não entendia como a manhã tranquila tinha se transformado naquele caos. Ele ouvia Ohm falar empolgado sobre tudo o que queria fazer e quem queria convidar para o aniversário de Marie e ela o olhava com um certo estranhamento. O pai parecia não perceber o desconforto da filha, então Nanon o encarou por um tempo e sorriu sinalizando seu evidente exagero.
"Eu não vou discutir com você!" Ohm compreendeu e disse "Eu já sei que você não concorda, Nanon, e com certeza Marie também não. Vamos fazer do jeito de vocês!"
Tudo aconteceu rápido demais: Ohm ainda sorria, no momento em que Marie levantou do sofá, tapando a boca e correu para o banheiro e trancou a porta. Ao passar por ele, Nanon só conseguiu prestar atenção ao pavor e desespero que os olhos dela transmitiam e isto fez suas pernas ficarem momentaneamente fracas.
Ele demorou alguns segundos para conseguir processar mentalmente o que tinha visto e se aproximar de Ohm, que esmurrava a porta do banheiro.
Seu único pensamento nesta hora era tentar acalmá-lo, mas como? De que forma ele faria isso se seu coração batia rápido e sua cabeça parecia uma grande esponja, incapaz de produzir qualquer pensamento racional?
Ele não era pai de Marie, mas sentia carinho e amor por ela como se fosse. Então, ao ver que sua pequena Marie podia estar doente ou com algum outro problema, ele ficou perdido.
"Ohm, meu amor, se acalme!" Nanon segurou o braço dele ao dizer essas palavras.
Provavelmente, ele falava também para si mesmo, pois precisava se acalmar tanto quanto Ohm.
Por causa disso, se Ohm esperava encontrar segurança e tranquilidade em Nanon, no momento em que seus olhos se cruzaram, ele enxergou somente seu desespero. Foi neste instante que Ohm perdeu qualquer fio de racionalidade que ainda podia ter e se jogou contra a porta. Nanon não o segurou. Eles precisavam saber o que acontecia ali, afinal ela não respondia quando eles a chamavam.
Nanon viu Marie ser carregada escada acima, seu rosto estava pálido e seus lábios roxos. Ele se escorou na parede, incapaz de seguir Ohm e Tia Godji.
Eles não poderiam perder Marie! Não, não, nada poderia acontecer com ela. Como eles viveriam se algo acontecesse com a menina deles?
Não, ela não era a menina deles.
Ela era a bebê de Ohm! Nanon se repreendeu mentalmente.
No entanto, ela era sua amiga, sua pequena comparsa nos planos bobos que faziam para perturbar Ohm, era sua colega das aulas de piano, ela era sua pequena Marie.
Depois de respirar fundo algumas vezes, ele tomou coragem e subiu as escadas como quem escala uma montanha, cada degrau parecia ter muitos metros de altura.
No quarto, Ohm andava de um lado para o outro visivelmente angustiado. Sem conseguir pensar com clareza, Nanon o abraçou e como Ohm demorou um tempo para reagir, ele o apertou ainda mais entre os braços. Ohm cheirou seus cabelos e só então o abraçou de volta.
"Ela vai ficar bem, Ohm!" Nanon sussurrou perto do ouvido dele.
Ohm enfiou o rosto em seu pescoço e chorou, balbuciando todas as coisas que podiam estar acontecendo, inclusive sobre a visita do filho de Saint.
"E se ela estiver grávida?" Ohm se afastou um pouco de Nanon e segurou suas mãos.
"Ela não está grávida, Ohm. Não teria dado tempo e Marie não é boba, seja razoável!" Nanon o repreendeu com uma certa severidade ao mesmo tempo em que acariciava seus dedos.
Marie se mexeu e os dois olharam para a cama, mas ela continuava dormindo.
Nanon tocou o rosto de Ohm e desceu para ligar para o Dr. Thai. O nervosismo de Ohm o deixava aflito e, como o telefone não funcionava, Nanon decidiu pegar a chave do carro e ir buscá-lo.
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Tempo
FanficOhm Pawat é um fazendeiro rico, viúvo e pai solo. Nanon Korapat é herdeiro de um circo falido. Eu tinha prometido para mim mesma que só escreveria sobre Pat e Pran, mas nesse caso, eu precisava de um pouco das personalidades de OhmNanon. E, como eu...