Parte 20

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Ohm deu um sorriso contido, ajeitou sua roupa, destrancou a porta e foi para sua mesa.

“Agora que esse assunto foi resolvido…” Ohm disse e ergueu uma sobrancelha, esperando alguma objeção de Nanon e continuou “Que bom! Nós vamos para o haras hoje.” Ele anunciou.

“Tanapon foi para lá ontem, não é?” Nanon perguntou e Ohm o olhou de soslaio e seus lábios ficaram prensados formando uma linha reta no seu rosto.

“Chimon está lá porque uma das éguas está dando cria e eu quero ver se correu tudo bem.” Ele falou após alguns segundos “Tanapon só o acompanhou.”

Era trabalho, só trabalho, ele deveria pensar somente no trabalho. Viajar com Ohm depois de tudo o que aconteceu, era uma experiência diferente. Ele não sabia o que fazer ou como se comportar, se deveria conversar ou não e, ao olhar para o lado, viu que Ohm dirigia concentrado. Nanon virou o rosto para o lado da janela e observou a paisagem como sempre fazia.

Ele já tinha ido algumas vezes para esta outra fazenda com o encarregado quando tinha pagamentos a serem feitos. O haras ficava em uma fazenda um pouco menor do que a propriedade onde moravam, mas era um local igualmente lindo.

Assim que chegaram, Tanapon veio recebê-los e contou que tinha corrido tudo bem. Nanon se manteve sério, apesar de pensar em como era curioso todos os elogios que ele fazia a Chimon e a qualquer coisa que o garoto fizesse. Ele o via como a ação mais perfeita do mundo. As pessoas não percebiam?

Nanon seguiu o chefe e o encarregado, que conversavam empolgados sobre os últimos acontecimentos.

“Venha ver, Nanon!” Ohm tinha parado ao lado da cocheira onde a égua recém-parida amamentava seu filhote.

“É uma fêmea, senhor Nanon.” Chimon sorriu ao dizer e ele retribuiu mostrando suas covinhas.

“É melhor deixar o senhor Ohm verificar o animal.” Tanapon apertou o braço de Chimon, tirando-o dali e ele o seguiu, com uma alegria inocente, embora um pouco envergonhado.

Os dois se afastaram e foram em direção ao redondel, onde Nong Nao trotava em círculos, acompanhado de um outro funcionário da casa.

A mão de Ohm, que tinha pousado no ombro de Nanon no momento em que Chimon sorriu, agora descia pelas suas costas e tinha parado, espalmada na curva da sua lombar.

“É linda, não é?” Ohm perguntou.

Sem a presença de outras pessoas, Ohm moveu sua mão para a lateral da cintura de Nanon, puxando-o para mais perto dele.

“Sim! Ela é perfeita!” Nanon sentia o coração bater acelerado pelo carinho e pela proximidade com o corpo de Ohm e, ao mesmo tempo, realmente se sentia apaixonado pelo pequeno animal recém-nascido.

“Eu pensei em dá-la para Marie, mas ela não se interessa por cavalos.” Ohm falou enquanto acariciava a cintura de Nanon.

“Ela também não queria tocar piano e mudou de ideia.”

“Talvez você deva falar com ela. Minha filha parece que te ouve mais do que a mim.” Ohm pareceu emburrado, mas ainda tinha um sorriso no rosto.

“Você tem ciúmes da Marie comigo?” Nanon perguntou apreensivo “Você sabe que eu nunca tocaria nela e …”

“Eu sei, Nanon, eu sei! Meu receio é que ela tenha se apaixonado por você.” Ohm cheirou os cabelos de Nanon ao falar.

“Não acho que ela goste de mim desta forma.” Nanon relaxou e se aconchegou um pouco mais no peito de Ohm.

“Talvez você entenda minha filha melhor do que eu.” Ohm riu e balançou a cabeça “Ela não tira os brincos e o colar por nada nesse mundo.”

“E a boneca também está sempre junto com ela.” Nanon virou a cabeça para o lado de modo a ver o rosto de Ohm.

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