“Vou mostrar o quarto.” Ohm mantinha o semblante neutro e falava como o senhor da casa.Embora soubesse qual era o local, Nanon o seguiu pelo corredor oposto ao do escritório. Ohm abriu a porta e esperou que ele entrasse.
Ohm tinha o mesmo semblante acanhado da noite em que esteve no ateliê, daquela primeira vez que pediu para vê-lo. No entanto, nesta noite, ele não era o único a se sentir deslocado, Nanon estava igualmente desconfortável. Irin estava na casa, Marie também, eles não deveriam ser imprudentes. Era a casa dele, a família dele e Nanon deveria saber o seu lugar. E seu lugar não era ali.
“No armário tem mais algumas cobertas se você quiser, vou trazer um pijama meu para você. O banheiro fica ali...” Ohm falou e apontou para móveis e lugares, sem olhar para Nanon.
“É melhor você ir.” Ele pediu e, frustrado, viu Ohm respirar fundo, concordar e sair.
Nanon sentou na cama e tentou organizar seus pensamentos. Era só mais uma noite que ele dormiria fora de casa, não era nada de mais. Quantas vezes ele tinha feito isso na época em que trabalhava no circo?
Ohm bateu na porta e antes que Nanon chegasse lá, ele entrou e entregou algumas roupas. Seus dedos resvalaram nos dele, foi por uma pequena fração de segundos, mas Ohm retraiu as mãos e virou as costas, fugindo escada acima.
Não era nada de mais.
Nanon fechou a porta, tirou a roupa e caminhou para o banheiro. Ele sondou sobre os ombros e, de onde estava, notou que não era possível enxergar a porta do quarto. A água da banheira estava morna, quase fria, na verdade, e talvez um banho assim o acalmasse.
Existia uma consciência de que não seria certo se Ohm entrasse, mesmo assim, sua vontade de que ele voltasse a sondá-lo só crescia dentro dele.
Os relâmpagos iluminavam o ambiente e tudo parecia um pouco vazio, solitário e frio.
Ele terminou de se lavar e cheirou o pijama de Ohm. O cheiro era bom, de roupa limpa, mas não tinha o cheiro dele. O tecido era macio, mas não o acariciava como as mãos dele. Era uma roupa quente e confortável, mas não lembrava em nada os abraços de Ohm.
A chuva ainda estava forte e isso o lembrou da primeira vez dos dois e dos beijos roubados, afoitos e desesperados. Daquela vez, seu coração parecia querer sair pela boca, pois era tão irreal que Ohm o desejasse. Contudo, agora ele estava ali, com a clareza de que o desejo dele era verdadeiro, mas, infelizmente, não o ter por perto, sabendo de tudo isso, era ainda pior.
Nanon sentou e passou a mão sobre a cama, que era muito mais macia do que aquela que tinha no ateliê. E era maior também. Ele se deitou, cobriu as orelhas e, em pouco tempo, já estava cochilando.
No seu sonho, a gata mexia na porta e a abria lentamente.
Nanon resmungou, imaginando que mais uma vez estava atrasado e tinha dormido demais. Ele abriu os olhos e percebeu que ainda estava escuro lá fora. Somente a luz dos raios iluminava o quarto.
E este quarto que não era o seu. Ele estava na casa de Ohm.
Assustado com a lucidez dos seus pensamentos, somado ao pavor da sombra parada na porta, ele se sentou na cama e esperou pelo próximo relâmpago.
Ao ter certeza de que era Ohm, ele levantou e andou rápido até o vulto.
“Você não deveria estar aqui.” Ele sussurrou.
“Eu sei.” Ohm fechou a porta sem fazer nenhum ruído.
“Então vai embora.”
Nanon tentou empurrá-lo para fora, mas Ohm segurou seus pulsos com uma única mão e, com a outra, ele o envolveu pelo pescoço e puxou para um beijo.
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FanfictionOhm Pawat é um fazendeiro rico, viúvo e pai solo. Nanon Korapat é herdeiro de um circo falido. Eu tinha prometido para mim mesma que só escreveria sobre Pat e Pran, mas nesse caso, eu precisava de um pouco das personalidades de OhmNanon. E, como eu...