Parte 43

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Tia Godji preparava a bandeja com as frutas dos senhores, quando ouviu passos acelerados pelo corredor, risadas e o som dos pés deles batendo nos degraus da escada, subindo apressados para o outro andar. Ela deixou a bandeja na sala de jantar, ainda se divertindo com as risadas e os xingamentos de Nanon, porém pouco tempo depois da porta ser fechada com um estrondo e, mesmo estando tão longe do quarto do senhor Ohm, era bem nítido o som que se espalhava pela casa. Era um som bem peculiar e específico e a fez ruborizar.

Provavelmente eles não se importariam se o almoço atrasasse um pouco, ela acreditava que a privacidade seria mais importante, por isso correu para fora, trancou a porta e se abanou um pouco.

Ela sempre sentia calor ao correr.

Os dois eram jovens e deveriam aproveitar a vida, ela mesma tinha aproveitado muito e sorriu envergonhada, tentando não pensar no marido.

Em geral, durante o dia, a porta do escritório ficava fechada por dez minutos, às vezes um pouco mais, porém nunca tinha passado de uma hora e meia. Sendo assim, ela pensou que, apesar de estarem no quarto, eles não demorariam muito mais do que isso e ela poderia aproveitar esta folga para ver como seu menino Chimon estava.

Ao olhar para a casinha próxima à sede da fazenda, ela notou que o carro do senhor Ohm estava parado por perto e isso era um sinal de que Tanapon deveria estar por ali.

“Muito bem!” Ela disse antes de arrumar o vestido, limpar o suor do rosto e caminhar com calma.

Seria uma excelente desculpa sair para verificar se Chimon estava bem e adiantar a lista de compras da semana com Tanapon. O chefe nunca iria desconfiar que sua ausência era para fugir do barulho libertino dos dois.

Orgulhosa de si mesma, ela seguiu determinada até lá. No entanto, conforme andava, a impressão que tinha era de que o senhor Ohm e Nanon estavam sendo muito mais barulhentos do que de costume. Ela olhou em volta, com receio de ter mais alguém por ali ouvindo a intimidade deles. No entanto, ela se tranquilizou um pouco ao lembrar que ninguém entrava na propriedade sem ter autorização do senhor Ohm ou Tanapon.

A cada passo que dava se afastando da casa e se aproximando do ateliê, os gemidos ficavam mais altos. As vozes, os sussurros e o arfar, quase como um uivo, eram diferentes do que ela tinha ouvido antes, embora parecessem de vozes conhecidas.

Sim, as vozes eram preocupantemente conhecidas e de relance, ela olhou pela janela e viu somente as costas nuas de Chimon, que estava sentado sobre a cama, subindo e descendo em um ritmo violento e preocupante.

Seu pequeno menino Chimon e o calado e sisudo Tanapon!

Será que isso acontecia desde o dia em que o senhor Ohm e Tanapon tiveram aquele desentendimento? Era óbvio! Tanapon estava de cueca! Seu menino Chimon tinha dito que foi um mal entendido, ela aceitou e não pensou mais nisso. Como ela pôde ser tão ingênua?

Assustada e perplexa, ela correu para o carro e se encostou nele.

Como ela nunca percebeu o que acontecia bem debaixo do seu nariz? Por que todos eles estavam assim tão assanhados naquela manhã? Tanapon uivava???

Ela se abanou porque o dia parecia absurdamente quente, apesar do vento e das nuvens que taparam o sol.

No quarto de Ohm, Nanon estava deitado admirando o anel em seu dedo, com receio de movê-lo e ele se desfazer no ar. Sim, aquilo era um sonho e a qualquer momento ele acordaria.

Neste sonho, se ele fechasse os olhos, tudo desapareceria no momento em que suas pálpebras se abaixassem, mas quando Ohm segurou sua mão e a beijou, foi como se ele retornasse à realidade e o anel continuava ali. Não era um sonho, não era!

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