Parte 24

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No dia seguinte, Nanon tamborilava os dedos no beiral da janela, esperando por Ohm ou pela gata e nenhum deles apareceu.

O carro não estava no lugar de costume e Tanapon vinha caminhando em direção à casa principal. Nanon suspirou e foi encontrá-lo e soube que Chimon ainda não tinha chegado,  Marie tinha dormido na casa da Tia Irin e o chefe precisou resolver alguns assuntos na cidade, mas preferiu ir sozinho.

Ao ver a preocupação no rosto de Nanon, Tanapon tentou confortá-lo dizendo que não via problema na conversa do dia anterior.

“Se o senhor Ohm tivesse ficado bravo de verdade, ele teria demitido você ou te jogado para fora do carro.” Tanapon riu “Eu acho que ele não está acostumado com pessoas que o enfrentam com bons argumentos.”

Nanon tentou manter a calma e a esperança com as palavras do amigo. Ele sabia que Ohm tinha crescido com privilégios e regalias e os dois tinham visões de mundo diferentes. Eles poderiam fazer isso dar certo, não é?

Ele precisava aprender a ficar quieto, Nanon se martirizava, mas se fizesse isso, ele sentia que não seria verdadeiro consigo mesmo.

Se eles fossem da mesma classe social, isso não pesaria tanto. Ele amaria Ohm mesmo que tivesse que voltar a dormir nos trailers ou cabanas na beira da estrada.

Mais cedo, naquela manhã, Ohm resmungava em seu quarto e maldizia sua péssima noite. Ele não tinha dormido bem por causa da sua irritação com as palavras de Nanon. Ele sabia que os dois vinham de realidades distintas e Nanon tinha razão em muitas das coisas que disse, porém isso não dava, a ele, o direito de contradizê-lo daquela forma na frente de outras pessoas.

Os planos de Ohm para o dia anterior tinham sido aniquilados antes do almoço com aquela discussão estúpida.

Ele ia comprar flores para aquele palhaço irritante e, quem sabe, visitá-lo à noite para conversar.

Sim, eles só iriam conversar.

Poderiam até trocar um beijo ou dois. Nada além disso. Ele poderia abraçá-lo e pedir para que ele sentasse no seu colo, mas iria parar por aí. Talvez abrir alguns botões da sua camisa e tocar de leve seus…

Ohm estapeou o próprio rosto ao se lavar e se recriminou por ter tais pensamentos enquanto estava irritado com Nanon.

Se a discussão por si só já não fosse um problema, tudo ficou pior quando o prefeito o fez esperar por horas, ao lado de Nanon, em uma sala cheia de pessoas estranhas.

Se eles estivessem sozinhos, ele diria tantas coisas e mostraria que entendia muito da vida, sim! Quem ele pensava que era para dizer aquilo?

Aquela maldita sala de espera o sufocou e Ohm respirou fundo várias vezes, já que não podia correr o risco de se expor na frente de tantas pessoas. Era enervante o quanto Nanon sorria, simpático para todos que chegavam. Para completar seu dia horrível, o prefeito pediu para a secretária apresentar suas desculpas pela ausência e remarcou a reunião para aquela manhã.

Ohm beliscou algumas frutas e decidiu que ficaria longe de Nanon o dia todo. Se Nanon o tratava como um homem imaturo, que chora por migalhas, ele veria como é ficar sozinho! Orgulhoso, Ohm sorriu, pois tinha certeza de que Nanon viria correndo até ele, implorando por seus carinhos.

Ao entrar no carro, Chimon parou ao seu lado e perguntou se o patrão poderia dar uma carona até a cidade. Ele precisava conversar com o médico e comprar alguns medicamentos da avó e Ohm prontamente concordou.

A companhia de Chimon era sempre bem vinda, seu jeito pacífico e cheio de alegria era tudo o que Ohm precisava naquela manhã. Sua tranquilidade durou somente o tempo do garoto entrar e sentar ao seu lado, pois a voz de Nanon dizendo que talvez preferisse Chimon ecoou em seus ouvidos.

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