Parte 23

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Nanon acenou para Ohm, que fazia sua corrida matinal, deu um sorriso contrariado e fechou a cara. Pelo visto, ele ainda sabia o caminho para sair e correr e não tinha perdido este costume, mas o caminho para visitá-lo parecia ter sido apagado da sua memória.

Ele teria que aprender a lidar com o tempo de Ohm mesmo que isso estivesse corroendo sua sanidade.

Ainda era muito cedo, o vento estava um pouco gelado e sua cama o chamava, manhosa e aconchegante. Ele poderia ficar mais dez minutos deitado, não poderia?

O som de batidas na porta o sobressaltou e ele correu até a entrada. Por uma mísera fração de segundos, ele acreditou que poderia ser Ohm, mas ao abrir a porta, era Tanapon quem sorria para ele.

“O senhor Ohm vai resolver algumas coisas na cidade e pediu para você vir conosco.”

Logo após o café da manhã, Nanon se juntou ao grupo no carro. Tanapon dirigia tendo Ohm ao seu lado e, no banco de trás, Marie olhava encantada para Nanon.

A menina estava animada pela presença dele e pediu para ser acompanhada por ele até o portão de entrada da escola.

“Minhas amigas não vão acreditar e vão ficar morrendo de inveja de mim. Deixa ele ir comigo, pai, por favor!” Ela suplicou.

“Por que tem que ser ele? Eu não posso te acompanhar?” Ohm riu e Nanon percebeu que atrás do sorriso amistoso se escondia um pai contrariado.

“Não, né? O senhor é meu pai!” Marie cruzou os braços, emburrada, e o bico que ela fazia era igual ao de Ohm “Eu ia dizer para elas que Nanon era meu namorado.”

Nanon e Tanapon trocaram olhares pelo espelho retrovisor. Ele endireitou o corpo, seu sorriso sumiu e evitou contato visual com Ohm. Os dois engoliram em seco e Nanon pensou que se sentia tão amedrontado quanto ele.

“Você é muito nova para namorar, Marie.” Nanon falou.

“Tio Nanon, você não é meu namorado de verdade!” Ela ainda continuava com o semblante contrariado.

“Eu sei e eu não estou falando de mim. Você é muito nova para namorar qualquer garoto. Você ainda é a bebê do seu pai” Nanon falou calmamente.

“Tio Nanon, eu não sou um bebê!!! Você está sendo chato igual meu pai.” Marie falou alto.

“Agora eu sou chato?” Ohm virou para trás, parecendo profundamente magoado.

“Não, pai! Desculpa! Eu amo você.” Os olhos de Marie ficaram vermelhos.

“Tudo bem, se você quer que o Nanon te acompanhe, mocinha, ele te leva.” Ohm se voltou para frente, cruzou os braços e fechou a cara.

“Pai!” Ela tentou tocar no ombro dele e Ohm se afastou. Tanapon foi mais forte e conseguiu segurar a risada, mas Nanon,  não.

“Tanapon, acho que temos dois bebês no carro!” Nanon provocou Ohm, que olhou enfurecido para ele.

Marie cobriu a boca para rir e Tanapon engoliu a risada ao ver os olhos furiosos do chefe.

Ao chegarem na porta da escola, Ohm segurou a mão de Marie e chamou por Nanon.

“Se ela quer que você a acompanhe, eu vou junto.” Ohm disse e Nanon revirou os olhos “E quanto a você, Marie, nada de dizer que ele é seu namorado.”

“Eu já entendi, pai.” Ela bufou, se soltou dele e saiu andando na frente dos dois.

“Ela não queria que a gente a acompanhasse?” Ohm ficou confuso  e andou rápido para alcançar a filha.

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