Parte 8

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O coração de Ohm batia acelerado por ter corrido escada acima fugindo do que tinha presenciado. Nanon o tinha visto e sorria, parecendo estar se divertindo com o fato de ter sido flagrado, não havia outra explicação.

Ohm decidiu que não pensaria mais nisso.

Na faculdade, seus colegas comentavam sobre as mulheres dos prostíbulos que usavam a boca para satisfazê-los e Ohm tentava imaginar qual seria a sensação, mas nunca teve coragem de pedir para que sua esposa usasse tal prática.  Tay usava a boca em Nanon, que parecia completamente entregue e extasiado.

Não, ele não podia pensar no que tinha visto e se deitou.

Quando foi a última vez que ele teve relações com a esposa? Ele não lembrava ao certo, mas acreditava que tinha sido um pouco antes da doença dela ser descoberta.

Ohm se ajeitou sob o lençol, tentando parar de pensar nisso.

Sim, ele se masturbava com uma certa frequência e, nos últimos meses, com mais frequência do que gostaria de admitir para si mesmo. Ele nunca tinha visto um homem junto com outro homem, por mais que ele soubesse que esse tipo de comportamento existia. E não parecia certo ter ficado excitado ao assistir essa cena.

Por que era tão difícil calar seus pensamentos?

Ohm recordava que, algumas vezes, ele tinha ficado irritado com Nanon, com seu deboche e seu jeito pouco submisso, e era a raiva que o tinha deixado ereto naquelas ocasiões.

“Você precisa dormir!” Ohm murmurou e apertou os olhos como se isso fosse fazer a imagem sumir da sua retina.

Pouco tempo depois, Ohm ouviu Nanon entrar e o encarou por alguns segundos, antes dele fechar a porta. Ohm deitou a cabeça de novo no travesseiro e franziu a testa, pensativo. Ele imaginou que Nanon voltaria com aquele olhar orgulhoso e debochado, do mesmo jeito que estava quando gemeu e encheu a boca do outro rapaz, porém para sua surpresa, ele parecia envergonhado.

Nanon foi direto para o banheiro, se lavou e, quando saiu, Ohm percebeu que ele usava as mesmas roupas. Se ele não tinha vestido o pijama, então provavelmente estava pensando em sair de novo.

“Nós pegamos o trem amanhã… quer dizer, hoje, na hora do almoço.  É bom que você volte antes do meio-dia.” Ohm disse, sem encará-lo, por causa da penumbra que estava no quarto, que era iluminado somente pelas luzes da rua.

“Senhor! Eu… me desculpe pelo… por… pelo que o senhor presenciou.” Nanon mantinha os braços caídos ao lado do corpo e movia os dedos com rapidez, abria e fechava a mão, ansioso.

“Eu não vi nada, Nanon! Se você pretende sair novamente, não esqueça de que voltamos amanhã ao meio-dia.” Ohm ergueu um pouco o rosto, repetiu o aviso e, em seguida, se virou para o lado, sentindo-se confuso e agitado.

“Eu acho… senhor… Senhor?” Nanon chamou e esperou até que Ohm o olhasse “Eu agradeço por toda ajuda que o senhor me deu, eu vou pagar aquele empréstimo que o senhor me fez, mas acho mais prudente que eu não trabalhe mais na fazenda.”

Nanon juntou as mãos em frente ao rosto e fez uma reverência pedindo desculpas.

“Você e ele estão juntos? É por isso que você não vai voltar?” Ohm sentou na cama, se sentindo angustiado ao esperar pela resposta.

“Não! Eu e o Tay… nós somos…” Nanon respirou fundo “nós somos amigos…. Senhor!”

“Então por que você quer largar o emprego?”

“Eu… eu não sei se você…. Se o senhor… bom… o senhor viu, não vou fazer de conta que não aconteceu nada.” Nanon tinha aquele olhar desafiador e a raiva se agitou entre as pernas de Ohm.

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