XXIV

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 ⚠️🚫   Esse capítulo contém abuso sexual, tortura e violência. Por favor, se for sensível, não leia, pode provocar gatilhos.


Se existe um sentimento que pode matar alguém sem que ele morra, é o sentimento de culpa.’’


Jeon Jungkook



Passaram-se seis meses desde a sua morte e seis meses desde o roubo do seu corpo no hospital. E, nesse período, estou morto apenas vegetando, o meu corpo está aqui sobrevivendo devido ao nosso filho. Não saio de casa, vivo trancado dentro desse quarto, me corroendo pela maldita culpa e pela dor da perda. O único momento em que saio daqui é quando vejo o meu filhote, o medo de perdê-lo também me assombra. Quando estou com ele, me sinto vivo e tento reparar a falta do sua omma, mesmo sabendo que nada é nem ninguém preencherá o espaço deixado por ele.
Durante esse tempo também, botei todos os meus homens para descobrirem quem foi o responsável por roubar o corpo do Jimin, mas nunca descobrimos nada, o que me deixa ainda mais transtornado. Sei que tudo isso é meu castigo, mas dói tanto. A culpa é pesada demais e completamente devastadora para suportar.
Estou deitado na cama dele, olhando para o teto e lembrando dos momentos que passamos juntos aqui, o seu sorriso lindo e a vergonha que ele sempre sentia quando o tocava, e a nossa noite de amor. O seu cheiro não está mais nos seus lençóis e isso me faz cair na realidade e o meu coração apertar, ele não voltará. Desde a sua morte, quando voltei para casa, durmo aqui, tentei me afastar desse local várias vezes, mas quando pegava no sono, os meus pesadelos eram assustadores. Neles ouço o grito do Jimin, o mesmo daquela noite, e eu acordo atordoado, e nesse quarto é o único local em que estou livre deles.
Namjoon entra e se aproxima, ficando em pé ao lado da cama. Não o encaro, apenas continuo observando o teto.

— Irmão? — A sua voz sai, baixa e sofrida.

— Eles encontraram o corpo do meu ômega? — O seu olhar era entristecido, o que deixou claro que não conseguiram nada.

— Não irmão. — Coloco a mão sobre o rosto e choro, não me importando que ele esteja vendo.

— Jeon, você precisa sair dessa, Jimin se foi irmão e não pode fazer mais nada, o seu filho precisa de você. — Ele continua parado no mesmo lugar.

— Estou aqui.

— Não, não está, o Jeon que conheço não está. — A dor nas suas palavras.

— Você não entende, Nanjoom, eu morri com ele.

— Não, você não morreu. — Começo a rir de desgosto.

— Você diz isso porque o Jin está do seu lado, e porque não foi por culpa sua a morte dele. — Digo friamente o encarando.

— Irmão, já faz seis meses e você precisa seguir.

— Me diz como? Perdi tudo, o meu ômega, minha paz, o meu lobo. A única coisa que me sobrou foi o sentimento de culpa e arrependimento. Como seguir em frente portando esses sentimentos? Como me curar? Diga. — Pergunto aos prantos.

— Não há como se curar, mano, essa dor sempre estará aí, você terá que aprender a lidar. Talvez você tenha razão, não sei a dimensão da sua dor, mas sei que o Jimin, a onde quer que esteja, jamais permitiria que você se jogasse assim. Todos cometemos erros, Jeon, mas o que fazemos para repará-los é o que nos define. Você errou muito em não tomar uma decisão definitiva e por deixar-se manipular por uma promessa que já foi cumprida há muito tempo, mas o que levou à tragédia foi o seu orgulho e a sua cabeça dura, que foram o principal motivo para o declínio do abismo onde está. Viva pelo seu filho e viva para honrar a memória do teu ômega. O aniversário do teu filhote está chegando, pense bem. Jimin iria querer que você estivesse ao lado dele nesse momento especial, mas não esse homem jogado em cima dessa cama e sim o Jungkook que todos nós conhecemos. — Ele diz com lágrimas nos olhos e se vira para ir embora.

The force for destinyOnde histórias criam vida. Descubra agora