XXXV

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  Park Jimin

 

Abro os meus olhos e percebo que estou em um bosque repleto de rosas de diversas tonalidades. Com um céu azul-claro, sem nuvens ou qualquer outra coisa, que eu nunca tinha visto em toda minha existência. Levanto e, ao me examinar, percebo que não estou mais usando a mesma roupa de antes, uso uma roupa branca (Calça e blusa) e o corte também desapareceu.

— Será que estou morto?

Com a mente cheia de dúvidas, começo a percorrer o lugar com o olhar, tentando enxergar alguém além de mim, mas não tem ninguém.  Sinto uma grande tranquilidade e uma sensação de calmaria sem precedentes. Uma lágrima solitária cai ao me lembrar das pessoas que amo e de ter deixado-as para trás, além de não ter cumprido o que havia prometido a Noah e Henry.

Caminho pelo bosque, devagar, observando cada canto, até que, no final desse jardim, vejo uma floresta escura. Apesar de aqui a luminosidade ser intensa, naquela parte não há luz alguma. Era como se esse local pertencesse a outro mundo. A energia que vem de lá é pesada e sombria. Sinto um arrepio frio percorrer o meu corpo.
Ao continuar a observar o local, vejo um par de olhos vermelhos me encarando de trás de uma árvore. Não consigo identificar quem é, mas o medo que toma conta do meu corpo é devastador, só de pensar que existe algo tão sombrio. Nesse momento, uma voz conhecida por mim ecoa.

— Não recue, Jimin… — Era a minha loba.

Ao examinar a direção da sua voz, noto a minha loba se aproximando. Ela tem o dobro da minha altura, seus pelos são tão brancos quanto a neve e seus olhos azuis-turquesa. Ela caminha para perto para ficarmos frente a frente.

— Você? — Digo assustado — Eu não estou morto?

— Não, você está desacordado, vagando entre os dois mundos. — Ela diz numa tranquilidade absurda.

— Isso é loucura, eu só posso estar delirando. — Caminho de um lado para o outro.

— Você está aqui porque quero te contar a verdade. — Paro, estreitando o olhar em direção à loba — O porquê de tudo isso acontecer.

— Do que está falando, loba? — Pergunto em busca de uma explicação coerente.

— Ouça-me com calma, Jimin, e compreenderá. Há muitos anos, em uma época muito diferente da atual, reencarnei em uma mulher simples e de coração puro. Ao atingirmos a maioridade, finalmente encontramos o nosso predestinado, a nossa alma gêmea. Tendo vivido uma vida tranquila por um período. Eu o amava mais do que qualquer outra pessoa, e, por isso, nos marcamos na nossa primeira noite juntos. A vida ao seu lado era boa e tranquila, mas, ao longo da nossa convivência, percebi que ele era controlador, dominado pelo poder além do ciúme doentio. Éramos camponeses, vivíamos da terra, mas, para ele, aquela vida não era boa e sua ambição foi crescendo.

Alguns anos se passaram e eu engravidei, dando a ele um filhote. Nos primeiros momentos, foi incrível, ele era sempre carinhoso e atencioso, mas, com o decorrer da gravidez, ele se tornou agressivo e autoritário. — Ela engoliu seco, porém continuou. — Quando o nosso filhote nasceu, descobrimos que ele era um alfa lúpus supremo, o único de todos os seres, o que foi uma grande surpresa. Não poderíamos acreditar que a deusa nos deu o ser mais forte.

Meus olhos ficaram arregalados, apesar de pouco sabermos pelos livros sobre um alfa supremo, ele é o ser mais forte entre a linhagem dos lobos, superando até mesmo um alfa lúpus puro. Saio do meu devaneio com Luz, que voltou a se pronunciar.

— A minha alegria era imensa, mas a do meu alfa não. Ele ficou obcecado pelo nosso filho e pelo fato dele ser forte, e, com o decorrer do tempo, uma inveja nasceu. Devia ter tomado alguma atitude, mas o meu amor por ele me cegou e decidi fingir que não estava acontecendo. Certa manhã, precisei ir ao rio lavar algumas roupas e deixei o nosso bebê dormindo. — Sua voz se contrai e fica embargada — E quando voltei minutos depois, ao entrar na cabana, encontrei uma cena perturbadora. O meu filhote estava morto e o responsável pelo fato foi o seu próprio pai. O meu marido a havia cortado a sua garganta por pura inveja e ciúmes. Naquele instante, perdi o mundo e o ódio me dominou. Lá, cometi o pior ato que um lobo poderia fazer contra a sua alma gêmea. Matei o meu predestinado, decapitando-o e, então, tirei a minha vida. Eu não poderia suportar tudo aquilo e viver sem o meu filho.
Mas as consequências das nossas ações não passaram despercebidas pela deusa, e em sua fúria. Fui amaldiçoada, minha alma foi dividida em duas e qualquer um que fosse o meu portador sofreria com essa maldição. Meu predestinado sofreu punição, nossa ligação foi interrompida e transferida para outro lobo. E ele estava amaldiçoado por três reencarnações a vagar, sem amor e nem felicidade, junto também com o seu portador. Mas, depois que as três reencarnações terminarem, ele poderia encontrar um novo amor ou voltaríamos a ser predestinados um do outro.
E é por isso que está aqui e eu te escolhi. Você pode acabar com isso, Jimin, assim como também com a minha maldição e libertar Umbra.

The force for destinyOnde histórias criam vida. Descubra agora