(parafraseando Ashton Simmonds, não em palavras, em sentimentos)
Eis-me aqui, onde não queria estar, fazendo exatamente o que desejo que ninguém tenha que fazer, sem sentir nada senão saudade de um futuro que nunca irá ocorrer.
Eis-me aqui, repleto de medo, congelado em desesperança, descoberto de vida, atenuado, pensando nos pedidos de desculpa que nunca fiz, pensando... Pensando! Oh! Clarice! Como estive pensando ultimamente! Certo pensador disse, certo dia, que o mau do homem é o próprio homem, devo discordar: o mau do homem é o próprio pensamento! Foi me afogando em pensamentos que descobri, por desventura, que estou buscando você, Clarice, em outras pessoas! Eu chamei ela para sair, Clarice, foi bom, ótimo... Algum tempo passou, tempo em que eu e ela estivemos juntos, tempo suficiente para começar a amar ela, mas insuficiente para esquecer que amo você.
Minha pretensão nem era parar de amar você, o amor é um pouco estranho, eu sei, às vezes vai embora mesmo, mas o seu eu resolvi segurar no peito e guardar no bolso da minha calça jeans azul, nunca quis parar de usar a calça jeans azul, mas queria esquecer que ela existia, queria ter esquecido em qual calça jeans azul eu guardei o seu amor. Não esqueci, pois bem, eis-me aqui. Fazendo dos ventos a solidão, transformando as palavras em saudade, desabafando verdades que nunca serão ouvidas por você porquê nem nunca serão ditas por mim.
Eu mandei mensagem para ela, Clarice, alguma coisa bem brega daquelas que a gente fazia, vergonhosas eu diria... Disse que sou o gato dela ou o cachorro ou qualquer bicho desses, nem me lembro... Estávamos falando de animais e emplaquei uma breguice qualquer como estas. Eu, no momento, achei que só queria mesmo a aprovação de ser o gato – ou cachorro – dela, de ser dela, em suma... Sei mesmo é que ela respondeu de mal jeito, zombando de mim. Mas zombando na brincadeira, sabe? Ela não fez por mal não. Clarice, eu briguei com ela, liguei dizendo que me trata mal, que deveria dar valor, isto só porquê ela fez uma piadinha boba sobre minha breguice, e eu arranjei um caos danado! Enfim, pedi desculpas, mas terminei o que nem tínhamos começado. Eu entendi que ainda busco você nas pessoas, eu não estava, de fato, buscando ser dela, e, sim, buscando você nela, Clarice.
Eu odeio as calças jeans azuis, Clarice, elas me lembram que ainda amo você.