𝙰𝚞𝚜ê𝚗𝚌𝚒𝚊 𝚍𝚎 𝙰𝚖𝚘𝚛 | #25

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A escuridão penetrava e sempre acobertava os pensamentos dela. Quais pensamentos? Todos: dos mais fiéis à sua essência até os mais autodestrutivos. No momento em que se encontrava, punha toda a sua vida em jogo, e, por vezes, se bastava num absoluto nada da imensa solidão e tristeza que havia e sentia, do tremendo desconforto em seu peito, da mais clara abstinência de razões e da mais forte ausência de significados para a vida. E naquela noite - pela falta de um ombro para chorar e desabafar - dentre todos os pensamentos que as mazelas da escuridão a trazia, agarrou-se somente nos ruins. Quais pensamentos ruins? Todos. Cada um deles tinha um jeito diferente de vir e uma certa maneira de agir, mas que - inevitavelmente - refletiam o que de pior havia, nela e na escuridão. Todos os pensamentos. Cada um tinha um som, cada um tinha uma cor, cada um tinha um cheiro... cada pensamento penetrava quase que completamente na mágoa dela, nos freios dela, nos motivos despretensiosos, nos desejos indesejáveis...

Nela, não havia mais choro, e - talvez por isso - não havia mais um ombro para chorar. Nem lamentações, nem tristezas divagadas, nem mistérios a serem resolvidos, nem achismos hipocondríacos com a sua própria tentativa de salvar sua mente. Longeva tentativa... quem dera pudesse saber, ao reatar com a escuridão, que dentre os motivos para não fazê-lo, o inevitável descompromisso com sua verdadeira essência se sobressairia.

 quem dera pudesse saber, ao reatar com a escuridão, que dentre os motivos para não fazê-lo, o inevitável descompromisso com sua verdadeira essência se sobressairia

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Sobre seus pés caminhava a ausência de amor que havia no seu peito - refletia a abstinência de amor pela qual sofria. A abstinência de todos os amores ou de qualquer amor novo que viesse, mas sobretudo de um em específico: o primeiro. Sempre o mais intenso, sempre o mais doído... o primeiro amor. Não poderíamos cobrar que fosse diferente, entretanto, porquê assim sempre são os primeiros amores: sempre o mais intenso, sempre o mais doído. E ali no seu momento, com a escuridão vazia e despretensiosa que havia, com a ausência de amor pela qual sofria, do que seria o amor para ela senão a dor?

Do que seria a ausência de amor, porém, se não houvesse a escuridão para esconder e tornar distante a vontade de amar novamente? Do que seria a ausência de amor se não houvesse escuridão para - com arrogante petulância - tentar tornar distante um sentimento tão lindo?

Pois bem, agora há pouquinho nasceu o sol, e a noite passada - que era liderada pelo vazio da escuridão - se foi. Agora resta à ela viver e descobrir, se, de fato o amor pode ser presente com a ausência da - petulante e vazia - escuridão.

Resta à ela viver, com alguma certa pretensão e esperança de mais uma vez conseguir acreditar verossimilmente no amor. Buscar encontrá-lo mais uma vez, porquê agora - diferentemente de outrora - não resta escuridão para esconder a beleza que há no amor.

 Buscar encontrá-lo mais uma vez, porquê agora - diferentemente de outrora - não resta escuridão para esconder a beleza que há no amor

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