Capítulo 59

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Henrique Gusmão 


Alexandre parecia inquieto ,notei pela maneira como esteve com Angélica , havíamos ido para o consultório do noivo da minha prima que estava desocupado por  ele estar em cirurgia com um de seus pacientes —Aqui nós vamos poder conversar melhor  delegado. Eu me sento na cadeira giratória ,enquanto ele a minha frente —Olha senhor Gusmão ,eu preciso lhe dizer algo sobre a menina.

—Alice ..diga delegado eu notei o modo que está ,parece nervoso.

—Pois eu estou , eu jamais pensei que meu passado iria me cobrar o meu pecado.

—Ainda não estou entendo onde o senhor quer chegar.

—Eu sou o pai da Alice ,isso se eu mereço esse título por tê-la abandonado e a sua mãe para me casar com a minha esposa.

—Você tá me dizendo que  a Alice , a mulher que eu amo que sofreu tanto nessa vida , é a sua filha?

—Eu sei senhor Gusmão tem todos os motivos para me odiar a partir de agora ,mas sim eu fui o responsável que a fez sofrer por esses dezoitos anos.

—Ainda fala nessa naturalidade? Por acaso não pensou na dona Glória , na sua filha?

—Quando eu me envolvi com a mãe da Alice , eu estava numa crise com a minha esposa tínhamos rompido o noivado , então eu decidi ir para a comunidade onde  eu conheci a Graça ,ainda não era delegado , eu era policial administrativo , então me encantei numa noite de samba por uma mulher que foi uma aventura ,nunca prometi amor a ela ,e quando me contou que estava grávida eu a rejeitei disse que não poderia assumir a criança pois tinha reatado com a minha então noiva na época.

—Como pode  deixar suas responsabilidades de pai ? Não pensou na Alice nem um pouco?

—Eu me arrependo amargamente ,acredite , e quando a reencontrei na delegacia , soube de sua história , do sofrimento da mãe por ver seus dois filhos  no mundo do crime , a dona Graça trabalhando como empregada domestica , das muitas vezes que ficou sozinha em  seus aniversários , natais , eu me senti impotente um dos seres piores desse mundo.

—Alice  é a melhor coisa que já me aconteceu delegado , eu nunca mais quero que ela passe por algum sofrimento novamente , se pretende ajudar pegue o desgraçado que arruinou a vida dela, que a sequestrou , eu tive tanto medo que  fizessem algo com ela.

—Eu entendo ,prometo que farei tudo que puder por Alice que eu não pude fazer nesses dezoito anos ,soube que a mãe dela faleceu , eu me culpo por ter sido ausente , mas sinto que devo isso a ela.

—Como a Alice vai ficar no meio disso tudo? 

—Gostaria que  contasse a ela sobre eu ser o pai dela , como são íntimos ficará mais fácil , eu vou fazer a minha parte enquanto pai ,mas não posso ter nenhum tipo de contato com ela ,pois eu tenho minha família , eu amo minha esposa , meus filhos , se souberem da Alice posso perde-los.

—Você não  está me pedindo um absurdo destes está? 

—Entenda a Alice terá todo meu apoio nesse momento a ajudarei no que for até financeiramente se for o caso mas não poderei ter contato com ela .

—Eu não farei isso com a mulher que eu amo a Alice não merece um absurdo destes , ela precisa saber o tipo de homem  frouxo que é o senhor que não tem coragem de assumir  uma paternidade e mesmo sabendo que tem uma filha maravilhosa nem se quer dar uma chance de querer recuperar o tempo perdido. Fecho o punho da minha mão direita e dou um soco sobre a mesa fazendo um estrondo ,causando um incômodo pela raiva que eu estava sentindo dentro de meus pulmões.—SÓ FAÇA SEU TRABALHO DELEGADO , A ALICE NÃO PRECISA DO HOMEM QUE NUNCA AMOU  COMO FILHA. Saio dali e fecho a porta com força , vejo a minha prima que estava atendendo uma paciente que estava na maca , ela me olha  e vem rapidamente em minha direção no fim do corredor —Primo...Primo que cara é essa? Sem excitar apenas a abraço com força —Me ajuda prima ....

(...)

Alice Ferreira

Eu queria sair daquela cama de hospital , voltar pra mansão , ver a Luz , a dona Glória , a Cleide do Silvestre  ,eu estou tão preocupada com ele  , quando a porta toca  —Entre! Exclamo , me encostando sobre a cabeceira da maca , ajeito rapidamente meus cabelos , e abro um sorriso , ao ver o Silvestre ,numa cadeira de rodas acompanhado de uma enfermeira —SILVESTRE....Abro um sorriso.

—Como vai senhorita Alice? Eu sem esperar acabo me levantando  ,não estava mais com aquelas agulhas nas minhas veias ,eu me jogo na cadeira em que ele estava e o abraço com força —Obrigada por ser como um pai pra mim Silvestre , eu tenho muita sorte de ter você sabia?

—Senhorita está me apertando...Ele sussurra rindo.

—Foi mau ...Quando me afasto um pouco vendo nitidamente seu rosto machucado —Silvestre isso tudo é culpa minha está machucado. Acaricio seu rosto.

—Estou bem senhorita , eu faria de novo se pudesse , eu que peço perdão por não ter conseguido fazer mais por você.

—O senhor fez   no momento que tentou me defender daqueles idiotas , obrigada por ser o pai que eu não tive. Notei seus olhos lacrimejarem então enxuguei suas lágrimas —Não precisa chorar Silvestre ...

—É que eu nunca tive uma família , não formei a minha família minha vida foi se dedicar para família do senhor Gusmão , e a senhorita quando chegou fiquei com um pé atrás mas aos poucos foi ganhando um espaço fraternal , pois foi a primeira pessoa que me enxergou como eu sou de verdade, e você é a minha filha do meu coração. O abraço forte —Me promete Silvestre sempre ....sempre ser meu  pai?

—Como negar um pedido destes querida...Somos interrompidos por uma voz vindo pela porta, acabo me levantando do colo do Silvestre —Eu não too vendo uma coisa dessa né careca chorando que nem um bobão....Vejo a Cleide segurando uma sacola eu acabo sorrindo.

—Cleide? 

—Você em menina quer me matar do coração? Você não me trate de nunca mais sair daquele jeito viu? Ela se aproxima e me abraça.

—Que saudades Cleide , e essas sacolas ?

—Eu trouxe bolo de chocolate com aquela cobertura que você gosta e pro Silvestre aquele pão de queijo que ele adora.

—Hum que delicia...Acabo sorrindo. Olho para enfermeira que não pareceu gostar muito da novidade.—Qual é enfermeira , eu e o Silvestre estamos bem , só estamos em observação ,não custa deixar a gente saborear essas delicias. Acabo abrindo a sacola e pegando os dois potes e entrego um para o Silvestre e um pra mim —E as novidades Cleide na mansão?

—A dona Gusmão ligou a mãe do patrão Bonitão....Acabo me engasgando —Ajuda ela Cleide...Vejo Silvestre preocupado.

—Foi mau...Passou...Disse devolvendo o meio pedaço mordido no pote e coloco sobre a mesinha de apoio e me aproximo da Cleide —O que ela disse?

—A dona Clara não contou muito , mas tudo indica que os patrões vão sair de Londres e ver o filho ,parece que o patrão  ligou para eles virem pois vai anunciar algo importante. Acabo tossindo de nervoso afinal ninguém ainda sabia da nossa relação a não ser a Luz que era a principal  que tinha o direito ,pois eu e o Gusmão estávamos nos conhecendo ainda. E por falar nele o vejo surgir com uma cara nada feliz —  Pelo visto estão comemorando...Ele fala.

—Desculpa patrão , eu me responsabilizo por isso a culpa foi toda minha. Silvestre vira a cadeira em frente a ele.

—Tudo bem Silvestre ,mas pode me deixar um pouco com a Alice e você também Cleide ,preciso contar algo pra ela. Ali percebo que era algo grave mais agora depois da conversa com o delegado Alexandre ,será que era algo relacionado ao meu irmão?


...


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