os desafios da liderança

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(capitão nascimento)

   Meu nome é Roberto Nascimento. Sou policial, mas não um policial convencional; comando a tropa de elite da Polícia Militar. Minha guerra no BOPE começou há 10 anos, quando eu finalmente concluí o difícil treinamento. Depois de um tempo, me tornei capitão, e a guerra ficou bem mais complicada do que já era: o cansaço e o estresse tomaram conta de mim de maneira incontrolável, e eu, estava começando a cansar dessa vida.

As favelas do Rio estão cada vez mais tomadas pelo tráfico, e, infelizmente, ainda tem gente que ganha a vida defendendo esses vagabundos e criticando o trabalho da polícia. Nosso símbolo mostra o que acontece quando a gente sobe o morro: e pra chegar até aqui, tem que estar preparado pra qualquer coisa; aguentar qualquer pressão; suportar qualquer dor. Por muito tempo esse trabalho foi o meu sonho, mas, ultimamente, meu sonho tem sido arrumar um substituto.

O estresse já toma conta de mim diariamente — eu vivo só pelo trabalho. A correria é tanta que tem dia que não dá tempo nem de comer. Moro sozinho, num apartamento no recreio, desde que meu pai — também policial — faleceu. Minha mãe, mora fora há anos. Faz muito tempo que não a vejo: o trabalho não deixa.

Acordei atrasado, passei um café e cheguei na sede das Operações Especiais por volta das 9. Fiquei na minha sala resolvendo algumas pendências, papeladas, na esperança de ser um dia tranquilo. Geralmente, a bomba estoura durante a noite, quando minha equipe sobe pra guerra. Mas hoje, a bomba estourou mais cedo, e de uma forma diferente do comum.

-Roberto Nascimento? — A batida na minha porta revelou uma menina de rosto angelical, mas ao mesmo tempo perigoso. Ela parecia ser alguma estagiária, advogada, não sei. Mas era linda. Fiquei fascinado por ela na mesma hora que a vi. Quem era aquela pirralha? Aparentava ter uns 19 anos; o cabelo moreno iluminado, seus olhos tom de mel e sua boca rosada me prenderam na hora. Se controla, Nascimento.

-Pois não. Te conheço? Visitas não são permitidas aqui. — Respondo, sem dar tanta ideia.

-Doutora Maria Carolina, sou promotora de justiça. Recebemos uma denúncia acusando seu batalhão de violação dos diretos humanos.

Promotora? A pirralha era promotora! Ou seja, não era tão nova assim. Direitos humanos? Papo de esquerdalha do caralho! Sem palhaçada no meu trabalho. Não admito que falem do meu batalhão.

-Violação dos direitos humanos é o que aqueles vagabundos fazem dentro da favela! — Eu disse enquanto levantava da cadeira, batendo as mãos na mesa. -Ganhando rios de dinheiro traficando droga que acaba com a vida de muita gente. Meu trabalho não é palhaçada, e no meu batalhão ninguém mexe! Você vai arquivar essa merda desse processo, ou vai ter um problema sério comigo.

-Eu não tenho nada a ver com seu batalhão. Só estou fazendo o meu trabalho, e vou até onde ele me pede. Vou levar o caso a frente, e não ouse me ameaçar. — A garota disse enquanto apoiou os braços na minha mesa e olhou fixamente nos meus olhos.

Ela estava brincando com fogo. Era destemida, parecia não ter medo de nada. Saiu da sala sem se despedir e a antes que eu falasse algo, bateu a porta e eu fiquei maluco. O que essa garota tem?

...fim do dia...

Foi um dia tranquilo na sede, sem favela por hoje. Passei o dia todo trabalhando pensando naquela pirralha, algo nela mexeu comigo. O jeito que ela falava, pareceu gostar da minha ameaça...

-Quem era aquela, capitão? — Peçanha me perguntou, e senti seu tom de maldade na mesma hora.

-Promotora de Justiça. Veio resolver um processo do Ministério Público. — Respondi como se não me importasse. -Tá de olho nela, Peçanha? — Perguntei, arqueando uma sobrancelha, enquanto resolvia uma papelada na minha mesa.

-N..não, capitão.

Cheguei em casa e busquei todas as informações possíveis pra descobrir quem era a pirralha dos olhos tom de mel: onde ela mora, em que bairro trabalha, se é casada, onde estudou. Eu estava louco: parecia um adolescente. Bendito seja o banco de dados da PM.

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Justiça e Amor  | Capitão Nascimento Onde histórias criam vida. Descubra agora