consequências

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(capitão nascimento)

Eu tinha total consciência da merda que eu estava fazendo. E aquilo me deixava pior ainda: o corpo suando frio e os batimentos acelerados não escondiam meu estresse enquanto levava Maria pro meu apartamento.

-Você está bem, Beto?

Só concordei com a cabeça.

Minha cabeça estava prestes a explodir. Era tanta coisa na mente: denúncia, Maria, favela... eu necessitava de descanso. Mas o Rio de Janeiro não deixa a polícia descansar. Ter a promotora na minha casa o tempo todo, seria o meu ponto de paz. Aquela garota era tudo que eu podia pedir a Deus. Preciso confessar que não foi só pela proteção dela que eu quis que ela fosse morar comigo por um tempo: era por mim também. Que inferno!

   Chegamos em casa, a doutora ajeitou as coisas e percebi seu rosto cansado e pálido.

-Não vou aturar birra de criança, doutora. O que você quer?

-Massagem nos pés e um quarteirão com batata e coca cola.

    É óbvio que eu não ia negar. Desci no Mc Donald's que ficava bem ao lado do prédio e percebi os olhares assustados pra mim: lembrei que eu ainda estava de farda.

-Só vim comprar. -Eu disse pra atendente que estava no caixa.

Enquanto esperava, minha mente continuava pensando milhões de coisas. Eu não sabia se a audiência do caso já tinha data, se ia conseguir convencer a pirralha de arquivar o caso... e o que mais me deixava intrigado era que, mesmo ela liderando um projeto que denunciava o MEU trabalho, o MEU batalhão (que eu não tolero que ninguém fale mal) , eu não conseguia me afastar. O que o amor não faz, não é mesmo?

     Pra completar, a criança ainda era mimada: queria tudo na hora

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     Pra completar, a criança ainda era mimada: queria tudo na hora. Eu reclamo, mas adoro ao mesmo tempo. Quando subi de volta, a coitada realmente estava dormindo. Na minha cama. Aquela cena era como uma visão dos deuses: eu não poderia querer outra coisa. Fiquei com pena de acordá-la, mas nem precisei. O barulho do pacote fez ela abrir os olhos na mesma hora.

-Entregue, pirralha. Ainda quer a massagem?

-Por favor, capitão.

-Maria... -Eu falei, enquanto puxava sua perna pro meu colo. -Agora é conversa séria. Você tá me deixando maluco com esse caso. Por que você não arquiva essa merda?

-Não posso. Recebi agora há pouco um email confirmando a audiência. Daqui uma semana.

-Porra, Maria Carolina! Você é uma vadia mesmo. Não é possível que não esteja vendo a merda que você tá se enfiando.

-Eu não vou discutir com você sobre isso de novo.  Se você me aporrinhar muito, vou juntar minhas coisas e voltar pra casa.

-Negativo, doutora. Você vai ficar aqui o tempo que EU quiser que você fique. Entendeu?

Justiça e Amor  | Capitão Nascimento Onde histórias criam vida. Descubra agora