experiências

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(Maria Carolina's view)

     A cada dia que passava meu coração ficava mais apertado quando o capitão saía pra alguma operação — acho que são consequências do amor. O dia estava cheio: julgamento dos sete réus. Me preparo, visto minha toga: pro tribunal. Eu estava aflita, mas sempre focada. Nada atrapalha meu trabalho — isso era uma lei. Chegando, me deparo com Pedro: o defensor que me deixou em casa ontem.

-Olha só quem está aqui: Doutora Maria Carolina! — Ele diz, vindo em minha direção, e estendendo a mão pra me cumprimentar.

-Tudo bem? Não sabia que você tinha pegado esse caso. — Respondo.

-Eu não peguei. Vim substituir outro defensor que não pode vir. Uma honra trabalhar do seu lado, doutora.

-Assim você me deixa mal acostumada! — Respondo, rindo.

O julgamento foi difícil: três longas horas naquele tribunal. Eu estava cansada, preocupada com o capitão, e tentando focar na única coisa que me importava naquele momento: prender a maldita quadrilha. E assim foi: mais um dia de sucesso na vida da temida promotora de justiça.

-Parabéns, doutora. Foi um sucesso. — Pedro me parabeniza.

-Digo o mesmo pra você. Não teria como ser diferente: uma jurisdição dessas.

-Quer carona pra casa?

-Não precisa, obrigada. Estou de carro hoje.

     Estava percebendo uma tentativa de interação suspeita. Não que fosse ruim, mas, se Beto descobrir, vai surtar, mesmo não sendo nada demais. Só amizade. E se bobear, nem isso. Pedro é gentil, foi um cavalheiro comigo, mas não passaria daquilo. Assuntos de trabalho, somente.

        Por mais que eu já deveria estar acostumada com a bipolaridade de Beto, ela ainda me assustava às vezes

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Por mais que eu já deveria estar acostumada com a bipolaridade de Beto, ela ainda me assustava às vezes. Mesmo assim, tento pensar que é culpa desse maldito trabalho, e que por trás da farda, existe um homem de bom coração. E realmente existe. Resolvo mais algumas pendências no fórum: papelada, processos, escalo testemunhas. O grande dia da audiência do BOPE estava chegando, e eu não podia falhar na minha missão. Mesmo sabendo que aquilo poderia acabar com a minha vida (literalmente!).

-Você está melhor? — Joana pergunta, entrando na minha sala.

-Sim. De onde saiu aquele cara que foi me buscar ontem? — Pergunto, me fazendo de desentendida.

-Ele é meu irmão, garota. Aquele que morava fora quando a gente era criança, lembra?

-QUE? É ELE?????

-É! — Ela responde, rindo. -Ele tava trabalhando em São Paulo, conseguiu transferência há pouco tempo. Vocês já devem ter trabalhado juntos, Maria! Eu achei que você sabia!

-VOCÊ NUNCA DISSE! Meu Deus do céu. — Eu respondo, ainda surpresa, também rindo. - Ele foi um querido comigo ontem. E ainda mora do meu lado.

-Gostou dele, Maria? Ihhhh.... tem coisa aí.

Justiça e Amor  | Capitão Nascimento Onde histórias criam vida. Descubra agora