ideias

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(capitão nascimento)

Eu me sentia um adolescente de novo quando se tratava daquela mulher. Foda-se o repouso, foda-se os pontos, foda-se qualquer coisa que poderia nos atrapalhar. Ter Maria pra mim era como ter o mundo todo nas minhas mãos: ela era tudo que eu desejava, tudo que eu queria, tudo que eu sonhava. No começo, eu não sabia o tanto que eu precisava dela. Agora, ficar longe, mesmo que por pouco tempo, me deixava louco.

Ouvir ela gemendo pra mim e me desejando dentro dela era a melhor sensação do mundo. Eu poderia transar com ela 24h por dia e mesmo assim, não seria suficiente. Sua voz gemendo era angelical, mas ao mesmo tempo, diabólica. E era viciante de ouvir. Seus olhos eram de uma puta safada, seu corpo, tinha cada curva perfeitamente esculpida. Perfeita pra mim. Há quem diga que meus vizinhos nunca mais tiveram paz, e eu não posso negar. Ainda mais agora, com os dois em casa: sexo todo dia.

   Alguns dias passam e, por incrível que pareça, ela estava lidando bem com o afastamento do trabalho, o que, consequentemente, me deixa mais tranquilo também. O atentado começou a ser investigado pelas autoridades, mesmo nós dois sabendo quem era o filha da puta que estava por trás daquilo tudo. Minha vontade era arrancar o pau dele fora, mas pela primeira vez na vida eu pensei antes de agir no impulso: atacar agora seria arriscado demais. O caso da denúncia foi pausado; Neto e Matias deram um fim no carro dela, e o seguro foi acionado pra comprar um novinho.

-Levanta, Beto. Temos que ir no hospital tirar esses pontos. — Ela diz, me acordando. Eu estava colocando o sono de pelo menos dez anos em dia, o que era um ponto positivo no meio da confusão toda.  Já eram 10h, e eu não queria levantar.

-Bom dia, pequena. — Respondo, abrindo os olhos ainda sonolento.

-Levanta logo. Quero ir na agência hoje.

Ela estava empolgada com a ideia do carro novo. Obedeço às ordens da criança, me arrumo rápido, tomo uma xícara de café e partimos pro hospital da polícia.

-Você está ótimo, capitão. Sentiu alguma coisa diferente? Dores estranhas?

-Nada fora do normal.

-Já pode sair do repouso. Mas mesmo assim, evite exageros. Carregar peso, atividades bruscas, você sabe.

Mal sabia a médica que o repouso nem nunca existiu.

-Deixa eu ir dirigindo agora. — Eu digo, antes que Maria entre no banco do motorista.

-Você não escutou o que a médica disse?

-Dirigir não tá entre os exageros, criança. Os exageros a gente já tá fazendo todo dia. — Respondo.

Chegamos na Barra de novo. Esse lugar é como uma cidade à parte: tem tudo, e mais um pouco. Devem ter umas 30 agências de carro só na Avenida das Américas, além dos milhões de mercados, academias, shoppings e sei lá mais o quê.

-Que carro você quer, criança?

-Um igual a esse aqui. — Ela diz, rindo.

-Tá de sacanagem, né?

-Não. É o carro dos meus sonhos, desde adolescente. Juro.

Continuo sem acreditar por um tempo, rindo, em negação. Não tinha problema nenhum em ela querer um carro igual ao meu, só achei engraçado. Chegamos na agência, que ficava ainda na mesma avenida. Ela parecia uma criança comprando um brinquedo novo: seus olhos tom de mel brilhavam.

Ela entrou em vários carros, analisando cada um deles: a cor, os bancos, os detalhes. Eu estava quieto, deixando ela se divertir.

-O que você acha? — Ela pergunta, se aproximando.

-Quem tem que escolher é você, pequena. Quer ir em outra agência? Qualquer coisa a gente volta aqui.

Ela concorda, e pegamos a pista de novo. Mais à frente, paramos em outra concessionária, e o processo se repete: ela olha, analisa, conversa com o vendedor, pede minha opinião.

-O cara da outra agência conseguiu um preço melhor pela entrada do seguro. Mas você que sabe, amor. Se você gostou mais do daqui, pega esse. Vamos almoçar e você pensa com calma, hm? — Sugiro.

Ela concorda e agora partimos em direção ao shopping. No caminho, fomos conversando sobre as duas propostas, até ela, no meio da conversa, soltar:

-Vamos visitar sua mãe.

-Que? Tá maluca, porra? Eu tô afastado, não de férias. E você também.

-Ninguém precisa saber. Vamos, Beto... faz tempo que você tá querendo ir, mas não tinha tempo. Agora você tem e não tá sabendo aproveitar.

-De uma hora pra outra assim? Como ninguém vai saber, criança? Você vive no mundo da lua?

-Confia em mim. Nós vamos.

Não me importo com a resposta, porque na minha cabeça, a ideia não sairia do papel. Se alguém soubesse, ia dar uma merda do caralho. Já consigo imaginar o Carvalho falando na minha cabeça: "Pra viajar, está ótimo, né, Nascimento? O batalhão inteiro precisando de você, porra!"

Almoçamos o cardápio preferido da criança: comida japonesa. Ela continua empolgada, mas agora, falando da viagem: até esqueceu da porra do carro. Era como uma criança mesmo, que esquecia as coisas em questão de minutos.

-Quando chegarmos em casa, vou olhar as passagens.

-Esquece esse ideia, pirralha. Pensa no carro.

-Você não quer me ajudar! Assim fica difícil, Beto!

Respiro fundo.

-Meu amor, quem tem que saber é você. É o seu carro, o seu sonho, seu dinheiro, amor. Qual você gostou mais?

-O da primeira agência.

-Então pronto. Vai ser esse, amor.

NOTAS
oi, amores! meta pro próximo cap: 21 mil leituras. vamosssss

Justiça e Amor  | Capitão Nascimento Onde histórias criam vida. Descubra agora