distância

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(Maria Carolina's view)

Sinto o medo tomar conta de mim e a ansiedade aumentar.

Bento ficou triste quando contei a verdade pra ele; expliquei que Beto foi embora por conta do trabalho, mas que voltaria em breve. Eu também estava bem tristinha. Passei o dia inteiro "pra baixo", tentando passar o tempo, já que o pequeno tinha ido pra escola e Sofia, trabalhar. Leio alguns artigos, sinto saudade da correria do trabalho; dou uma volta de carro, passo em algumas lojas e depois, no Mc Donald's. Já eram 15h quando a casa voltou a ficar movimentada.

-Tia Carol! — Escuto ele gritar, abrindo a porta.

-Carol? Você não me chama de Carol!

-Posso te chamar assim?

-Claro que sim. — Respondo, rindo. -O que foi, pequeno?

-Você pode me levar na casa de um amigo mais tarde? Vai ter uma resenha lá, e eu acho que minha ainda vai demorar.

-Resenha? Vou contar pro seu irmão, hein.

-Ahhhh não! Fala sério.

-Tô brincando, Bento! Eu te levo. Que horas?

-Umas cinco.

-Tá bom. Sua mãe sabe, né?

-Ainda não...

-Então liga pra ela e pede pra ir. Se ela não deixar, não vou levar ninguém! — Respondo, em tom de brincadeira.

Ele reclama, mas diz que vai ligar e sobe pro quarto. Meus pensamentos ainda estavam bagunçados diante de tudo que estava acontecendo; sento na área externa da casa, numa espécie de poltrona que ficava de frente pra piscina e pro lago. Olho aquela imensidão azul enquanto tomo uma xícara de café, repensando sobre toda a reviravolta que minha vida sofreu depois de Beto ter aparecido nela: era chocante, mas eu amava aquela loucura toda. Se alguém me contasse seis meses atrás que hoje eu estaria na casa da minha sogra, nos Estados Unidos, e que meu namorado (ou sei lá o que somos) é o capitão do BOPE, eu não acreditaria.

Alguns minutos depois, escuto a porta abrindo outra vez: Sofia.

-Maria! Chamei umas amigas pra vir aqui hoje. Vão amar te conhecer!

-Bento pediu pra que eu o levasse na casa de um amigo, mas eu disse que primeiro ele precisava falar com você.

-Ih, Maria, eu deixo tudo! Só não pode fazer merda. Fora isso, eu deixo tudo; é melhor do que ele fazer escondido. — Ela responde, e para pra reparar a preocupação em meu rosto. -Você está bem, querida?

-Sim. Só estou pensativa, preocupada com Beto.

-Ele não te deu notícias?

-Disse que chegou e foi direto pro batalhão. Vai subir o morro daqui a pouco...

-Não vai acontecer nada, fica tranquila. Daqui a pouco ele está de volta. — Ela diz, colocando as mãos em meus ombros. -Você leva o Bento na festa e eu vou comprar umas coisas pra mais tarde, ok?

Concordo com a cabeça. Subo pro quarto e tomo um banho quente, tentando aliviar a preocupação dentro de mim. Encho a banheira e me permito passar um tempo ali, tentando me acalmar e parar de pensar na operação. Passo a mão na barriga algumas vezes, pensando na possibilidade de estar carregando um bebê, mesmo não querendo acreditar; sabia que poderia ser verdade, mas estava em negação. Quando vejo, já estava quase na hora de levar Bento. Me arrumo rápido, e quando saio do quarto, ele já estava me esperando na sala de jogos.

-Está pronto?

-Aham.

-Então vamos. Onde é?

-Aqui perto, eu te mostro.

Justiça e Amor  | Capitão Nascimento Onde histórias criam vida. Descubra agora