bom demais pra ser verdade

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(capitão nascimento)

   Os dias perto da minha família estavam me fazendo esquecer das obrigações no Brasil. E não que isso seja ruim, pelo contrário; esvaziar a mente estava me fazendo bem, MUITO bem. Tenho estado mais tranquilo e os sintomas do estresse diminuíram quase 100%. Fomos à outros parques, conhecemos outros lugares, Maria fez mais e mais compras... cozinhamos, fizemos amizade com vizinhos; tudo corria bem. Bento e ela estavam inseparáveis; pareciam se conhecer há anos. Meu padrasto passa uns dias em casa; não somos tão próximos, mas, se não fosse por ele, minha mãe estaria no fundo do poço até hoje pela morte do meu pai. Cristian é um cara bom, um ótimo pai pro Bento, mesmo estando longe na maioria do tempo. Sou grato por ele cuidar tão bem deles dois. Ele é festeiro, gosta de casa cheia, assim como minha mãe; talvez por isso se dão tão bem.

-Barco novo, né? Esse é mais bonito que o outro. — Pergunto, enquanto ele ajusta algumas coisas nele.

-Bonito e melhor. — Ele responde. -Esse é mais novo. Vamos dar uma volta, cadê a Maria?

-Brincando com o Bento lá em cima. Até que os dois estão se dando bem... ele não sai de perto dela.

-É uma moça boa, filho. Bonita, focada... me surpreendi quando ela falou que é promotora de justiça. Vê se não vacila com ela, hein.

-Jamais. Não sei o que essa garota fez comigo. Porra, não tirei ela da cabeça desde a primeira vez que a gente se viu.

-Tem coisa que ninguém explica, cara. Que nem eu e sua mãe; amor, meu filho. Chama eles lá, antes que fique tarde.

    Atendo o pedido, indo até a sala de jogos da criança: eles jogavam algum jogo de tabuleiro. A sala estava uma bagunça; parecia que já tinham jogado várias outras coisas.

-Bento, seu pai tá chamando pra dar uma volta de barco. Vamos?

-No meio da partida? Ah não, Beto! Peraí.

-Depois a gente termina. Eu que tô ganhando, hein. — Maria responde, levantando.

   O rio beirava várias outras casas; era extenso, e outros barcos também passeavam por lá. Fazia sol, o dia estava bonito.

-Quer pescar, Bento? Podemos ir até aquela ilha. — Cristian pergunta.

-Eu nunca consigo. Beto, me ajuda?

-Ajudo, pequeno. Acho que nunca fui nessa ilha, hein.

   Enquanto o barco passeava pelo lago, percebo a expressão estranha de Maria do meu lado. Parecia estar se sentindo mal.

-Tudo bem, amor?

-Sim, só fiquei tonta. Vai passar.

  Quando chegamos no lugar, percebo o alívio dela quando o barco para. Um dia desses, ela reclamou de pressão baixa, mas disse que já estava melhor; por um momento, passa pela minha cabeça a possibilidade dela estar grávida, mas descarto logo em seguida, já que ela toma anticoncepcional. Eu, Bento e Cristian passamos um bom tempo pescando, enquanto a doutora e minha mãe jogam conversa fora.

-Você tem que jogar assim, ó. — Oriento a criança, que não conseguia pegar nada.

-Não consigo.

-Consegue sim, criança. Joga e fica segurando firme. Quando sentir algo mexer, você puxa.

-Tá mexendo!

-Isso, garoto. Tá vendo como você consegue? Bate aqui.

   Ele dá um sorriso, vendo o peixe que pegou. Já eram por volta das 16h, ou seja, hora de voltar. No caminho, as expressões de Maria não negavam o mal-estar dela, por mais que ela estivesse tentando disfarçar. Conversa vai, conversa vem; chegamos em casa. No meio do nada, não havia sinal. Quando pego o celular, as notificações apitam loucamente, parecendo não ter fim: Neto, Matias, Carvalho... ligações perdidas e milhões de mensagens. Algo de errado estava acontecendo.

 Algo de errado estava acontecendo

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    Retorno pra Neto, mas ele não atende

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    Retorno pra Neto, mas ele não atende. Quando ligo pra Mathias, ele me xinga em todas as línguas possíveis e impossíveis, descontroladamente. Não consigo nem falar.

-Calma, caralho. O que foi? Tem alguém machucado?

-Tá um caos aqui. Onde você tá, capitão? Acho que vamos precisar de você.

-Longe. Bem longe.

-Puta que pariu. Liga pro Carvalho.

    Faço o que ele pede, ainda sem entender o que estava acontecendo.

-Puta que pariu, Nascimento! Tô tentando falar com você há horas!

-Que eu saiba, eu estou afastado, coronel. O que aconteceu?

-É, eu sei disso. Mas precisamos de você. O cara que tá no seu lugar não tá sabendo comandar a operação do Turano. Noite passada foram três feridos, tem gente no hospital. Você precisa voltar, hoje à noite.

-Hoje não dá. Amanhã eu tô aí.

-Como não dá, Nascimento?

-Não tem como, Carvalho. Amanhã eu tô aí.

    Estava tudo bem demais pra ser verdade. Puta que pariu.

-O que aconteceu? — Maria pergunta, colocando as mãos nos meus ombros, por trás de mim.

-A gente vai ter que ir embora.

-Quê? Não, Beto. Como assim?

-Tá dando merda na operação do Turano, lembra? A do Papa. Tá cheio de policial ferido. Carvalho quer que eu volte pra comandar a operação de novo.

-Pra você se machucar mais uma vez? Não, Roberto! Você não vai.

-Não me fala o que fazer, caralho! — Me exalto. -Eu vou voltar. Se você não quiser ir, fica. Eu volto, prometo.

-Fala baixo, porra. Eu não vou voltar. E não acho que você tenha que ir.

-O que você acha ou deixa de achar é problema seu. Cuida da minha mãe e do meu irmão.

-Você é um babaca.

    Ainda sem acreditar no que estava acontecendo, sinto meu coração acelerar e meu corpo suar frio: bem vindo de volta, estresse.

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NOTAS

oi, amores! seguinte: eu tô beeeem enrolada essa semana com um evento q vai ter na escola (sim, eu ainda estudo 😭) e a frequência dos capítulos vai diminuir até a próxima semana. Não me matem e não esqueçam de mim, vou dar meu máximo p conseguir postar!! amo vocês ❤️

Justiça e Amor  | Capitão Nascimento Onde histórias criam vida. Descubra agora