sangue nos olhos

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(capitão nascimento)

O remorso corria pela minha mente.
A consciência pesava; acho que tomei a decisão errada. Agir antes de pensar não era o meu forte; na maioria das vezes, era ao contrário. Ou não. Em algumas situações, o impulso; em outras, pensava até demais. Dessa vez, acho que falhei, não só comigo, mas com a mulher que eu amo e com a minha família. Tarde demais.

Onze e meia da noite em Orlando. A fila se formando em frente ao portão de embarque mostrava que o voo se aproximava. Depois de mandar um pedido de desculpas (do meu jeito) pra Maria, me acomodo na última fileira do avião. Era a única que estava disponível e, por sorte, completamente vazia; os dois assentos eram só meus. Meu corpo suava frio e meu coração batia forte: tomo um comprimido de clonazepam antes mesmo do avião decolar. Só acordo quando chegamos no Rio de Janeiro.

 Só acordo quando chegamos no Rio de Janeiro

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Tínhamos deixado o carro no aeroporto. Eu sempre tenho um uniforme na mala, então, direto pra Laranjeiras.

-Olha só quem chegou! Porra, cara, onde você se meteu? — Matias diz, vindo me cumprimentar.

-Nem te conto: Orlando. Fui ver minha mãe. Acabei de chegar, vim direto do aeroporto.

-Tirou onda, capitão. E a doutora, foi também?

-Ficou lá. Carvalho me paga, puta que pariu. Ó, não fala essa porra pra ninguém não. Sabe como eles são aqui.

-Não precisa nem pedir, irmão. Ele tá lá em cima, quase surtando. o Braga e o Novaes tão no hospital, a operação tá um fracasso. Estamos virando chacota.

-Vamos mudar essa porra hoje. — Respondo, já subindo as escadas.

   Carvalho estava brigando com alguém no telefone. Quando me vê, desliga, jogando o aparelho em cima da mesa.

-Porra, Nascimento... A coisa tá feia aqui.

-Eu avisei. Quem vocês botaram no meu lugar?

-Um cara lá de São Paulo. Não sabe fazer nada!Uma semana só fazendo merda, Nascimento.

-Vamos acabar com essa porra logo. Chama a equipe.

   Estava feliz em voltar a fazer o que eu sei de melhor; analisamos o mapa do morro, as possíveis entradas, onde os donos ficavam, e, o mais importante: a rota de saída. Da última vez, foi um ponto que deixamos passar. Não dava pra falhar de novo.

-Vamos subir em dois carros. Vocês já sabem
como é: com calma, é só fazer o nosso. Sem afobação. Matias, sua equipe vai por baixo. A minha, por cima. Entendido?

-CAVEIRA!

   Passei o resto da manhã resolvendo uma papelada com Matias e Neto. A gente mais conversava do que trabalhava; esses caras me divertem.

-A licença te fez bem, né, capitão? Foi parar longe.

-Foi ideia da Maria. — Respondo. -A garota comprou as passagens sem me avisar; não tive escolha.

Justiça e Amor  | Capitão Nascimento Onde histórias criam vida. Descubra agora