orgulho

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(Maria Carolina)

    Acordo no meio da noite com uma ligação estranha.

-Oi, doutora Maria?

-Sim, sou eu. Quem é?

-Matias. Trabalho com o capitão. Ele pediu pra te avisar que... ele tomou um tiro e tá no hospital da polícia.

   Meu mundo parou naquela hora.

-QUE? Como assim, Matias? Pelo amor de Deus, ele tá bem? Eu tô indo pra aí.

   Estava tão nervosa que não raciocinei nem o caminho que eu fiz. Coloco a primeira roupa que vejo pela frente, aperto todos os elevadores do hall, pra usar o que chegaria mais rápido. Pelo caminho, lágrimas escorriam pelo o meu rosto, minhas mãos tremiam, mas consigo chegar no hospital, que ficava no bairro Estácio de Sá. Eu não sei como não desmaiei de nervoso naquela estrada.

-Por favor. Roberto Nascimento, o capitão do BOPE. Preciso vê-lo. — Eu digo, chegando na recepção.

-A senhora é o quê dele?

-N..namorada. Me deixa entrar, por favor.

Quando entro no quarto, ele está dormindo. Seu braço tem um curativo, provavelmente no local que a bala pegou. Eu continuava tremendo, meu coração estava acelerado. Sento na poltrona ao lado da cama, tento me acalmar, mas não consigo conter as lágrimas vendo Beto deitado naquela cama de hospital. Era uma mistura de nervoso, dor, remorso, e todos os sentimentos ruins. Eu não sabia o que fazer.

A hora parece não passar, e ele demora pra acordar, me deixando nervosa. Minhas pernas não paravam quietas, e minha mente, também não. Depois de um bom tempo, vejo ele abrir os olhos. Que alívio.

-Desculpa. — Ele diz, com a voz fraca.

-Vai ficar tudo bem.

   Me ofereço pra chamar a enfermeira, mas ele nega. Me faz um único pedido: ficar do lado dele. E eu obedeço. Passo a mão por seu rosto e seu cabelo, e mais uma vez, percebo o quanto eu já o amava. E o quanto iria doer se eu o perdesse.

   A enfermeira checa algumas coisas e diz que ele deverá ter alta em breve. Fico aliviada. Já eram quase três da manhã. Eu estava cansada, mas não sairia do lado dele.

-Vai pra casa, Maria.

-Só saio daqui com você. Descansa, capitão. Pra ficar bem logo.

   Ele concorda, e pega no sono mais uma vez. Eu não consigo dormir. Ando pelo quarto, de um lado pro outro, tentando fazer o tempo passar. Tento revisar algumas pendências do trabalho, mas minha cabeça não consegue se concentrar em nada. Resultado: passo a noite em claro. Beto acorda algumas vezes, percebo que ele está inquieto.

-O que foi, amor?

-Nada. Só tô sentindo dor.

-Vou chamar a enfermeira.

-Eu quero ir pra casa... puta que pariu.

-Nós vamos, em breve. Mas você precisa descansar.

A enfermeira chega, e dá uma dose de algum remédio a ele. Eu não entendo nada dessas coisas, então, só observo. As horas passam, ele finalmente consegue dormir, mas eu, sigo acordada. Olho pela janela, o dia começa a clarear. Nada de sono. Por volta das seis da manhã, checo minha agenda do dia: uma audiência. Merda. Saio do quarto, em silêncio, e vou até a cantina que tinha do lado de fora pegar um café. Eu não tinha estômago pra comer nada, mas sem minha dose de cafeína, eu não ia aguentar de tanto cansaço.

Justiça e Amor  | Capitão Nascimento Onde histórias criam vida. Descubra agora