preparativos

2K 184 43
                                    

(capitão nascimento)

     Maria só pode ter ficado maluca. Depois de eu ter falado milhões de vezes que eu não ia viajar agora, a filha da puta comprou a porra das passagens, sem me avisar. Confesso que eu gosto desse jeito decidido dela, mas puta que pariu, ela não entende que eu não posso sair. Parece uma criança, ou melhor, ELA É uma criança. Minha mãe ficou radiante com a surpresa; eu estava morrendo de saudade dela e do meu irmão, e eles, de mim. Seria bom, mas minha cabeça só pensava na merda do batalhão; Como as coisas iam ficar por aqui, se iam precisar de mim em algum momento. Se a operação daria certo.

    Fomos até a casa de Maria pegar algumas coisas: não tinha mais onde colocar aquele tanto de roupa que ela resolveu levar na mala. Puta que pariu, será que todas as mulheres são assim? Ela abria o guarda roupa, jogava as coisas na cama; andava pelo quarto, abria as gavetas, mais coisas pra mala. Eu observava quieto, mas indignado com a quantidade de coisas que ela pegava.

-Pra que isso tudo? Puta que pariu.

-Me deixa, capitão.

  Saímos de lá com uma mala arrumada e mais umas três bolsas CHEIAS de merda: roupa, sapato, coisa de cabelo, maquiagem e sei lá mais o quê. Não tinha necessidade daquilo tudo. Chegando em casa, vou arrumar a minha mala: impressionante como pra nós, homens, é tão mais simples; em dez minutos estava tudo pronto. Será que era tão difícil pra elas arrumar as coisas assim?

-Você não vai levar nada daqui pra sua mãe?

-Como assim?

-Sei lá, não tem nada daqui que ela goste? Alguma comida, não sei.

-Sei lá, Maria. Não pensei nisso não. — Respondo, sem dar muita confiança.

-E seu irmão? Ele já veio aqui? Não tem nada que ele goste daqui do Brasil?

-Ele veio uma vez só. Eu não lembro, Maria, porra.

-Deixa de ser sem coração pelo menos uma vez na vida, Roberto. É a sua família. Vamos levar algum doce, alguma coisa legal.

   Essa primeira frase me pegou, porque era verdade. Eu não costumava demonstrar muitos sentimentos, ainda mais com eles, que eu já não vejo muito. Na hora, o que ela diz me deixa sentido e pensativo, mas eu nem me dou o trabalho de retrucar:

-Tudo bem. Vamos ao mercado.

    Saímos mais uma vez, e eu não sei ao certo o que pegar: era um detalhe que eu realmente não havia pensado. Maria sai pegando um monte de doces daqui do Brasil e colocando no carrinho; eu só concordo. Paçoca, serenata de amor, FARINHA. Farinha. Caralho.

-Farinha, Maria Carolina? Não tem farinha nos Estados Unidos?

-Dessa aqui, não. É pra fazer farofa, ela vai gostar. Não tem igual.

-Puta que pariu.

-Acho que tá bom, né?

-Nem vai caber isso tudo na mala, criança.

Quando voltamos, a missão de arrumar o resto das malas foi mais difícil do que parece: nada cabia. Ela arrumou e desarrumou tudo umas três vezes, voltamos na casa dela pra buscar MAIS coisas, pesamos as bagagens e aí que a merda, de fato, começa: passaram do peso permitido.

-Deixa eu ver a sua mala. — Ela pede.

-Por quê?

-Abre a mala.

Obedeço a pirralha, colocando a mala em cima da cama e em seguida, abrindo-a.

-Porra, não tem NADA aí! Você vai passar vinte dias lá só com isso aí?

-Não tá bom? Pra mim tá bom, ué. Não foi você que mandou eu tomar conta da MINHA mala?

-Tá tudo errado. Deixa que eu arrumo.

Cruzo os braços, indignado com o que eu tinha acabado de escutar.

-Você vai arrumar a MINHA mala?

-Shiu. Pede alguma coisa pra gente comer.

Eu não tinha mais voz naquela casa: ela mandava em tudo, inclusive, em mim. O que aconteceu? Ela abriu meu guarda-roupa e organizou a mala toda de novo, sem nem me perguntar o que eu queria levar ou não. Pra completar, ela ainda colocou umas tralhas dela. Inacreditável.

-Não é possível que suas coisas não couberam nas suas DUAS malas.

-Me deixa. Couberam, mas passaram do peso. Vou ter que colocar na sua.

-É só você diminuir a quantidade. Olha o tanto de coisa que você tá levando!

-Não se mete, inferno.

Um tempo depois, a pizza chega; abro um vinho, e o final da noite se resume ao que mais gostávamos de fazer (depois de transar, óbvio): ficar juntos, bebendo, conversando sobre tudo e todos. Toda vez que fazemos isso, não consigo deixar de reparar no quanto eu sou apaixonado por ela, mesmo sendo difícil demonstrar. Essa mulher virou minha vida de cabeça pra baixo; fez meu coração, que eu nem sabia que tinha, bater mais forte toda vez que a via; me deu mais um motivo pra querer voltar pra casa toda vez que subo o morro; me ensinou a amar, mesmo que do meu jeito.

-O voo é uma hora da manhã. Vamos ter que chegar no aeroporto, no máximo, dez horas.

-Não tem necessidade disso, Maria.

-TEM SIM! Tem toda uma burocracia antes de embarcar, você sabe. E a gente deve pegar engarrafamento também. Vamos sair de casa às oito.

-Puta que pariu.

-Sem discussão. — Ela diz, antes que eu termine de falar.

-Você tá muito mandona, sabia, mocinha? Acho que vou ter que te lembrar quem manda aqui. — Digo, deixando a taça de vinho na mesa de centro que ficava em frente ao sofá onde estávamos.

-Ah, é? E quem é? — Ela pergunta, entendendo o recado e me olhando com aquele olhar de puta que me deixa maluco.

-Quem manda nessa porra aqui sou eu. Entendeu? — Respondo, levando minha mão ao seu pescoço, enforcando-a. Nossas bocas se aproximam, mas eu não a beijo; Vou até sua orelha, deixando algumas mordidas, e desço até seu pescoço, intercalando beijos e chupadas. Desço a mão até aqueles peitos enormes, arrancando a blusa curta que os cobria: que visão. Deito seu corpo no sofá, passando a mão por suas costas, tiro seu short-saia, e em seguida, a calcinha, que por sinal, era um milagre ela estar usando.

-Vadia gostosa do caralho.

Tiro minha camisa, ficando por cima de Maria e nossas bocas se encontram; minha mão passava pelo seu corpo e a outra, volta a enforcá-la. Seus olhos reviram enquanto eu desço até seus seios, deixando os mamilos ainda mais vermelhos de tanto chupá-los. Que mulher.

Justiça e Amor  | Capitão Nascimento Onde histórias criam vida. Descubra agora