em nome do amor

3.2K 229 37
                                    

(Maria Carolina's view)

Minha cabeça se tornou uma confusão. Eu pensava constantemente onde foi que eu tinha ido parar, onde foi que o meu jeito frio e desafiador de antes tinha ido parar depois que Roberto entrou na minha vida... eu não entendia mais nada, minha mente me perturbava a todo momento, cada segundo dos meus dias.

-Tá tudo bem, Maria?

-Não muito, Jojô. Mas vai ficar. Temos muito trabalho hoje. Sem distrações, amiga.

-Maria, Maria... você sabe que eu não gosto que esconda as coisas de mim. Ei... — Ela disse, levantando da sua cadeira e indo até minha mesa. – Me conta, amiga, o que foi? De novo o capitão?

-Eu não sei direito... ontem nós brigamos, ele é como uma bomba-relógio. Explode a qualquer momento. Disse que eu era o grande problema dele. Eu não entendo mais nada... tô achando melhor acabar logo com isso. Sem contar que agora ele quer que eu fique na casa dele, por causa do lance da denúncia. Tem medo de alguém tentar algo contra mim. Eu fui pra lá ontem, de mala e cuia. Mas não quero ver a cara dele hoje. Vou dormir em casa.

-Vocês precisam conversar, Maria! Você gosta dele. E ainda não aprendeu a lidar com isso. E ele também gosta de você. Escutei uns burburinhos aqui no corredor ontem... viram a viatura dele parada no final da rua.

-Merda! Tá vendo? Eu não gosto de fofoca, Joana! Puta que pariu... isso não vai dar certo.

    Termino os de revisar os processos pendentes na minha mesa, e entre algumas doses de café, o capitão resolve aparecer.

       Eu não estava com cabeça pra brigar, mas sabia que se não fosse, ele não me deixaria em paz

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

       Eu não estava com cabeça pra brigar, mas sabia que se não fosse, ele não me deixaria em paz. Espero meu expediente acabar, pego o carro e vou pro apartamento dele. Estranhei ele estar em casa no horário de plantão.

-O que houve? Foi dispensado mais cedo?

-Operação. Eu matei um garoto por causa de você. -Ele disse, sentado na mesa da sala, com os cotovelos apoiados sobre a mesma e as mãos passavam por seu rosto, mostrando preocupação.

-QUE? Como assim, Nascimento? Você ficou maluco????

-Ele falou seu nome. Na verdade, nem lembro direito... acho que ele falou "aquela doutora lá", sei lá, foda-se. Meu sangue ferveu. Acertei no meio da testa.

-Pelo amor de Deus, Roberto!!! Você não pode ficar fazendo isso. SÃO CRIANÇAS! Puta que pariu, Roberto... O que deu em você?

-Eu não sei, caralho. Eu tô ficando maluco. Você tá me deixando maluco, Maria Carolina.

-E isso é bom ou ruim? Ontem você surtou comigo, me disse que eu era o seu problema. Eu não tenho cabeça pra ficar nessa, Roberto...

-Os dois, porra. Você é o meu problema porque eu gosto de você. E não sei lidar com isso. Você me prende, me deixa maluco... me faz perder a cabeça.

-O que você quer dizer com isso, Roberto? Eu não to entendendo, porra!

-O que eu quero dizer com isso, caralho, é que eu não consigo me afastar de você! Acho que eu nunca me senti assim antes, Maria... você sabe que a gente não pode viver isso do jeito certo, não sabe?

   Respirei fundo antes de responder.

-Eu sei, Roberto. Causaria muitos problemas. Mas eu também não consigo me afastar de você. Joana me disse que escutou uns burburinhos no fórum, viram sua viatura lá um dia desses.

-Eu não quero ter que ir embora. Ainda mais agora, com essa porra dessa denúncia que você me fez o favor de levar pra frente. Não me perdoaria se algo acontecesse com você.

-Roberto, eu sei que está preocupado comigo. Sei que não podemos ficar juntos... mas eu também não sei mais ficar longe de você. Também não tô acostumada com isso... minha frieza, meu jeito difícil... tudo foi embora depois que você entrou na minha vida.

-Vamos continuar assim. Em segredo... só até eu sair da porra da linha de frente. Não é como eu quero, mas é o jeito.

     Eu odiava ter que admitir que gostava dele. Odiava ter que me submeter à isso. O que o amor não faz, não é?

     O capitão parecia estar cansado, seus olhos estavam fundos, como quem não tivesse dormido aquela noite.

-Você comeu, Beto? Tomou seus remédios hoje? Hum? -Perguntei, sentando do seu lado e passando a mão na sua nuca.

-Não comi, também não tomei os remédios. Mas agora que você lembrou, vou tomar. Não tô com fome.

-Puta merda, amor... você não pode ficar assim. Vou fazer alguma coisa pra você.

    Preparei o bom e velho misto quente com café. Conversa vai, conversa vem: tudo estava mais tranquilo. E eu me sentia aliviada por isso, apesar de ainda ter muitas coisas na cabeça.

-Pra onde vocês foram hoje? Estranho ter operação cedo assim.

-Babilônia, doutora. Traficante não tem hora pra trocar tiro. Foi horrível, tinha gente com um arsenal inteiro. Tô morto...

-Vai deitar. Você precisa descansar, Beto. Por que não tira sei lá, umas férias?

-E quem vai comandar o batalhão, porra? Não dá pra sair assim. Tá maluca? — Ele disse, enquanto ia pro quarto, deitando na cama e me me puxando junto com ele.

-Não sei, vê o que consegue fazer. A gente podia viajar, depois da audiência semana que vem... — Sugeri.

-Impossível, Maria. Me deixa dormir.

Justiça e Amor  | Capitão Nascimento Onde histórias criam vida. Descubra agora