falhando na maior das missões

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(capitão nascimento)

Chego no batalhão, e o relógio marca 9h e 3 min. Ao entrar na sala de reuniões, percebo o olhar furioso do Coronel Carvalho, que estava me esperando (mesmo que por míseros três minutos, e aquilo me irritava) e me junto à equipe. Na sala, o Coronel e os outros capitães.

-Está atrasado, Nascimento.

-Perdão, Coronel. Trânsito.

Sem me responder, ele respira fundo e finalmente dá início à conversa.

-É o seguinte, senhores. Tem um cidadão importante vindo pro Rio daqui três meses, vocês já devem saber: o Papa. Uma tal de Jornada da Juventude. Evento grande. Mas, o que vocês não sabem, é que ele vai se hospedar na casa do arcebispo, que fica, nada menos, do que no morro do Turano.

Todos na sala reclamam. Não é possível uma merda dessas.

-Por que caralhos o arcebispo mora no morro do Turano? — Dias pergunta.

-Tá de sacanagem, Carvalho? Não é possível isso. — Eu disse, ainda sem acreditar no que estava por vir.

-A gente que vai ter que garantir o sono dos anjos dele? — Matias pergunta.

-É, senhores, nossa missão vai ser apaziguar o Turano. — Ele respondeu.

-Impossível, porra. O Turano em guerra, e o Papa vai dormir em cima do morro?

-Já fiz de tudo pra convencer o secretário de segurança. Nada muda o cronograma do Papa, Nascimento.

-E você concorda com isso, Carvalho? Vamos subir à noite, perdendo efeito surpresa, todo dia? Vai dar merda isso... vai morrer muita gente.

-Ordens são ordens, Nascimento. Confio em você e na sua equipe. Comecem amanhã mesmo.

    Respirei fundo e fui até minha sala, pensando que porra se passava na cabeça daquele Papa. Ele não sabia como que a banda toca por aqui? O trabalho seria longo pela frente. Convoquei uma reunião com minha equipe pra montar toda a operação, e o resto da manhã foi assim. Estresse atrás de estresse. Merda atrás de merda. Mapeamos todo o território, verificamos todas as possíveis entradas. Depois, mais uma reunião, pra acertar os detalhes e dividir as funções. Nessa altura, eu já não conseguia assimilar direito: meu corpo suava, as batidas do meu coração estavam aceleradas: sinais do estresse cada vez mais aparentes.

-Nascimento, sua equipe vai por cima. Subam com cuidado, tem escola perto, tá cheio de estudante. Entendido? Nascimento????

-Sim senhor.

   Já eram quase 15h e eu ainda nem tinha parado pra comer. Entre uma reunião e outra, quando finalmente consigo tempo pra pegar no celular, mais um motivo pra me tirar do sério.

 Entre uma reunião e outra, quando finalmente consigo tempo pra pegar no celular, mais um motivo pra me tirar do sério

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Era tudo que eu NÃO precisava pra completar o dia. Quando ela me lembrou disso, minha mente voltou a pensar na porra do menino. Eu já estava quase esquecendo dessa merda. A consciência pesava, mas, eu não tive tanto tempo pra continuar pensando. A operação do Papa tomou quase o meu dia inteiro, toda a minha mente.

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