memórias

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(Maria Carolina's view)

Mesmo depois do estrago que Roberto fez em mim essa noite, levanto cedo, por cerca das 6h; estava empolgada com a ideia do parque, de conhecer Bento melhor e de ter bons momentos com ele. O capitão continua dormindo; lembro que ele estava cansado desde o voo, então, resolvo deixar ele dormir mais um pouco. Tomo um banho frio, pra tentar acordar, e me arrumo rápido. Cubro as marcas das mãos do capitão no meu pescoço com maquiagem, rindo da situação; me sinto uma adolescente. Quando desço, o caçula já estava de pé, pronto e animado, preparando um copo de achocolatado na cozinha. Sofia já não estava em casa.

-Deu formiga na cama, Bento? — Pergunto, brincando. -Bom dia!

-Bom dia, tia! Tô ansioso. Cadê meu irmão? Vamos logo!

-Ainda tá dormindo, acredita? É um preguiçoso mesmo. Vai lá acordar ele.

-Ele vai demorar muito! Deixa ele aí! — Ele responde, já terminando de beber o líquido dentro da caneca. Me surpreendo, pois pensei que ele não ia querer sair sem ele.

-Tem certeza?

-Se a gente acordar ele, ele vai passar o dia inteiro mal-humorado, tia Maria! É melhor não. Vamos logo! O parque já vai abrir!

Aceito o que ele sugere; pego um dos carros de Sofia, que ela havia deixado a chave comigo, e partimos para o local. Estava sol; nenhuma nuvem no céu. No caminho, ele fala que sentia falta da presença de Roberto como irmão (com aquele jeitinho de criança, sem saber as palavras certas pra expressar) e que queria muito voltar ao Brasil. Tento explicar que o trabalho dele é muito exigente, e por isso eles não conseguem se ver tanto. Ele compreende, mas parece continuar chateado.

-Se não fosse pelo trabalho dele, pequeno, ele viria aqui todo mês. Eu amo esse lugar, sabia? — Tento mudar o assunto.

Ele não responde, mas parece interessado pela conversa.

-Eu tinha o seu tamanho quando vim aqui pela primeira vez. Amo o Mickey, amo as princesas, amo fazer compras... amo a energia daqui! Se depender de mim, eu também venho sempre.

-Com o que você trabalha, tia Maria?

-Eu sou promotora de justiça. Meu trabalho é defender os direitos de todo mundo que mora no Brasil. No meu caso, no Rio de Janeiro. Eu represento todos eles, garanto que a lei seja cumprida. Entende?

-Que legal! Como você conheceu meu irmão?

Tento buscar uma forma de explicar da maneira mais simples possível; não quero voltar no assunto da denúncia, e também acho que não tem necessidade.

-Eu fui até o batalhão dele, pra resolver umas coisas do trabalho. Aí, nos encontramos. E ele não largou mais do meu pé. — Respondo, rindo. - Depois de um tempinho (nem duas semanas, mas ele não precisava saber desse detalhe) , já estávamos juntos. E estamos até hoje.

Ele continua se interessando pela conversa, e continuamos assim até chegar no parque; me sinto uma criança novamente. Bento estava muito feliz e animado; queria andar em todos os brinquedos. Só de ver o tamanho das filas, ficava cansada, mas faria tudo por um sorriso dele. Me dar bem com à família de Beto era um dos meus principais desejos desde que o nosso namoro (se é que eu posso chamar assim) começou. Eu amo crianças, apesar de não ter tanta paciência. Mas Bento era um amor; estávamos nos dando bem.

-Tiaaaa! Vamos naquela montanha-russa? Por favor! — Ele pergunta, apontando.

-Vamos esperar seu irmão. Eu não ando nessas coisas, pequeno. Vamos em outro brinquedo por enquanto, tudo bem?

-Que horas ele vem?

-Vou mandar mensagem.

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