Quinze

204 15 1
                                    

Alfonso parou o carro na primeira vaga.

— Acho que estamos no lugar certo. Eles acham que ganharam uma espécie de concurso da pousada. Tive que cronometrar a viagem para que chegássemos no momento em que eles estivessem tomando os drinques.

Anahí riu.

— Uau! Você é tão maquiavélico quanto sua avó.

— É bom saber que, se eu não conseguir meu emprego de volta, pelo menos posso ganhar dinheiro manipulando os outros. Fico feliz por essa ter sido a única coisa que herdei da vovó.

— Isso e o bom gosto impecável — murmurou ela, olhando para o carro.

— Também acho — concordou ele. Mas, quando Anahí se virou para ele, notou que Alfonso não estava olhando para o carro, e sim para ela. Aquilo não era real. Não era real. Ele lhe ofereceu o braço.

— Vamos?

Com uma risadinha, ela aceitou a oferta e caminhou com ele até a enorme pousada. Era anexa a um restaurante muito chique, bem no centro de Alki Beach. O sol ainda estava alto, mas não fazia tanto calor a ponto de impedir uma caminhada na praia ou um jantar ao ar livre. Anahí queria os dois. Isto é, se, antes, não virasse abóbora.

— Pronta? — sussurrou ele em seu ouvido quando abriu a porta para que ela entrasse.

Incapaz de encontrar as palavras, ela apertou o braço dele e fez que sim com a cabeça.

O cheiro de comida refinada inundou seus sentidos quando eles entraram de braços dados no lugar.

— Ah, sr. Herrera! — Um velho senhor de smoking estava parado diante deles. — A mesa está pronta, exatamente como o senhor pediu. Gostaria de começar com o champanhe?

Alfonso olhou para Anahí, como se quisesse saber a opinião dela.

— C-champanhe está ótimo. — Ela engoliu em seco, nervosa, quando seus olhos examinaram o restaurante e finalmente pousaram em seus pais.

Estavam sentados em um canto, conversando distraídos. Sentiu a respiração acelerar. Perdendo de repente a coragem, ela fez menção de se virar e ir embora, mas Alfonso a segurou com firmeza.

Quando os pais dela olharam em sua direção, curiosos, Alfonso fingiu não se importar com eles. Apenas os cumprimentou com um aceno de cabeça enquanto o garçom os levava para uma parte privada do restaurante.

Anahí quase chorou ao ver a mesa. Estava coberta de pétalas de rosa e, nos pratos, estava escrito "feliz aniversário" com chocolate. Morangos estavam dispostos ao redor da mensagem. No canto havia um presente gigante. Ela precisou se conter para não chorar, ou a maquiagem ficaria arruinada. Ninguém nunca fizera por ela nada que fosse sequer parecido com isso. Era inconcebível que Alfonso pudesse até mesmo ter pensado em algo assim, quanto mais ter planejado tudo em apenas uma hora!

Só podia ser obra da vovó. Não tinha como o coração dele ser tão bom assim... Ou isso, ou ele só estava se sentindo culpado por ela tê-lo acusado de ser egoísta. Ele afastou a cadeira para que ela se sentasse e sussurrou outra vez em seu ouvido.

— Feliz aniversário.

Anahí sentiu que estava ficando ruborizada e se concentrou em respirar. A tarefa era muito difícil, pois tinha acabado de sentir os lábios de Alfonso roçarem a ponta de sua orelha, o que fizera seu coração bater com mais força. Ele se sentou enquanto o garçom abria uma garrafa de champanhe. Concluída a tarefa, o homem os deixou sozinhos com os aperitivos e o espumante.

— Anahí? — A voz de sua mãe revelava animação e surpresa. — É você, querida?

Com um sorriso tenso, ela cumprimentou a mãe e o pai, que se aproximavam. Os dois procuravam observar tudo, absorver cada detalhe da cena, até que seus olhos finalmente pararam em Alfonso.

Simple PastOnde histórias criam vida. Descubra agora