Quarenta e quatro

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Anahí bebeu a segunda taça de vinho e se sentou em frente à mesa grande que fora arrumada do lado de fora. O jantar era um bufê completo. Normalmente, seria oferecido pelos pais da noiva, mas, como eles não podiam estar presentes, todo o clã Herrera estava pagando aquela festa.

Algumas tendas de comida estavam espalhadas pela lateral do jardim. A mesa principal, para os convidados diretamente envolvidos na cerimônia, era comprida e estava ornada com flores tropicais e diferentes tipos de vela. Tudo era tão romântico que partia o coração dela.

Vovó se sentou ao lado de Anahí e olhou para a taça de vinho.

— Quantas você já bebeu?

— O suficiente. — ela suspirou.

— Hum. — Vovó abriu a grande bolsa e pegou um envelope pardo. — O pastor me deu permissão para que vocês assinassem separadamente, já que estão de birra.

Anahí olhou para a habilitação de casamento.

— Não era para a gente preencher isso amanhã?

— Argh. — Vovó a calou com um gesto. — É só mais um detalhe com o qual não precisaremos nos preocupar amanhã. Assine aqui.

Ela puxou apenas a ponta do papel, de maneira que a maior parte continuava coberta. O que era ótimo, na opinião de Anahí, pois ela não queria ver o lugar destinado à assinatura de Alfonso. Os dois tinham perdido a cabeça. Anahí nem conseguia lembrar o motivo por que estava tão brava com ele. Se parasse para pensar, veria que não era raiva. Na verdade, sentia-se completamente humilhada e rejeitada.

Ele fez com que ela se apaixonasse. E ela se apaixonou.

Muito.

Depois do casamento, eles seguiriam caminhos diferentes, e ela ficaria jogada no sofá, desempregada, lamentando o fato de que o único cara que já tinha amado na vida não retribuía o sentimento. Ou apenas não a queria o bastante para tentar amá-la.

Ela assinou o papel depressa e devolveu a caneta a vovó.

— Ora, ora. — Vovó deu tapinhas nas costas dela.
— Vai ficar tudo bem. Confie na sua avó.

— Só tem um problema. — Anahí se inclinou para perto de vovó e sussurrou: — Você não é minha avó.

O sorriso no rosto de vovó se alargou só um pouquinho, antes de voltar ao normal.

— Ora, mas é claro que sou! Você se lembra de quando eu lhe disse que iria estragar a vida de Alfonso?

Anahí não estava muito a fim de falar sobre ele. Ela assentiu, mas tentou fingir que não estava interessada.

— A vida de meu neto já estava estragada. — Vovó deu tapinhas na mão de Anahí. — Foi estragada na hora em que ele a viu naquele vestido de casamento. Eu comprei o vestido, sabia?

— O quê? — exclamou Anahí, e sua voz saiu aguda, chamando a atenção dos convidados ao redor da mesa, que aguardavam o primeiro prato. Ela tossiu e se escondeu por trás dos cabelos loiros. — Diga que isso é brincadeira, vovó!

— Ops. — Vovó deu de ombros. — Achei que tivesse gostado. Ficou lindo em você. Maravilhoso. — Ela se serviu de uma taça de vinho e fechou os olhos enquanto tomava um longo gole, então botou a taça de volta na mesa. — Além disso, pode ser que você precise de um, qualquer dia desses.

— Sei. — Anahí lutou para esconder as lágrimas. — Acho que tudo é possível.

— Ah, mas é mesmo! — respondeu vovó. — Sabia que eu sempre quis ser uma fada madrinha?

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