Quarenta e oito

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A sobremesa foi servida. Anahí optou pelo suflê de chocolate com chantilly. No instante em que o prato foi colocado na sua frente, ela notou os olhos famintos de Alfonso.

Com um sorriso provocante, enfiou o dedo no chantilly e o lambeu bem devagar.

A boca dele se abriu de leve.

Ela lambeu os lábios e enfiou o dedo outra vez na sobremesa. Alfonso se inclinou para a frente, com as pálpebras semicerradas, e seu olhar foi de provocante a desejoso. Ela se perguntou quando tinha sido a última vez que ele fora seduzido, ou que tivera que esperar por alguma coisa.

Com cuidado, ela tirou os sapatos de salto e deslizou um pouco mais para a borda da cadeira. Tentando agir com naturalidade, comeu mais um pedaço da sobremesa e ficou olhando o moreno, que a observava. No instante em que o pé dela encostou na perna dele, Alfonso agarrou a ponta da mesa e soltou um palavrão.

— Tudo bem, Poncho? — perguntou Petunia, examinando-o por trás dos óculos.

— Tudo ótimo — respondeu ele, com a voz contida — Só está um pouco quente. — Ele piscou algumas vezes antes de pegar o copo d'água e tomar um longo gole.

— Está mesmo bastante abafado. — Petunia se abanou. — Mas você parece muito corado. Tem certeza de que não está com algum problema?

— Quem dera! — respondeu ele.

— Hã? — Ela franziu as sobrancelhas.

— Todo o mundo já bebeu. — Ele apontou para uma garrafa de vinho vazia, no meio da mesa.

Anahí mordeu o lábio inferior, tentando segurar o riso. Ela deu outra mordida no suflê e lambeu o garfo. Do outro lado da mesa, Alfonso gemeu. O pé dela encostou na pele dele de novo.

— Filha da...

— Poncho? — Petunia balançou a cabeça. — Você está me deixando preocupada.

— A mim também. — Anahí umedeceu os lábios e foi subindo o pé bem devagar.

Ele segurou a mesa com as duas mãos, e seus olhos estavam deixando ela em chamas, tamanha a intensidade com que ele a encarava.

— Estou bem.

Ele fechou os olhos enquanto Anahí passava o pé para cima e para baixo na perna dele, e depois a agarrou com as dela, puxando-o para mais perto da mesa.

— Merda. — Ele soltou um suspiro.

— Ah, por favor! — reclamou Petunia. — Alfonso Herrera, pare com essa linguagem chula!

— Ele é um garoto muito, muito mau — concordou vovó, dando uma piscadela.

Alfonso gemeu, e seus olhos imploravam a Anahí que parasse ou apenas continuasse e o matasse logo de uma vez.

— Você sabe o que acontece com os garotos maus — disse Anahí, tentando ajudar.

— O quê? — Ele estava rouco.

— Levam uma surra — rugiu Petunia. — Daquelas!

Alfonso xingou como nunca.

— Armando! Por favor, controle esse seu filho! — exigiu Petunia. — Parece que ele não consegue parar de usar essa linguagem chula à mesa de jantar! No meu tempo, a gente mandava as crianças para o quarto se fizessem uma coisa dessas.

— Está bem. — Armando revirou os olhos. — Vá para o quarto, Poncho. Aceite seu castigo como um homem.

— Eu, hã... — respondeu Alfonso, confuso. — Acho que é melhor ficar aqui.

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