Anahí ia arrancar o próprio braço e comê-lo, de tanta fome. Será que a mãe de Alfonso estava tentando torturá-la, sacudindo aquelas batatas com um cheiro delicioso bem debaixo de seu nariz? Já tinha ouvido dizerem que a mulher falava pelos cotovelos, mas não sabia que seria daquele jeito.
A colher ia e vinha enquanto Ruth falava. Pairava sobre o prato, e então a travessa; de novo o prato, mais uma vez a travessa. Ela parecia um gato brincando com a presa — devia ser exatamente assim.
Ruth riu com Maite, pegou uma colherada de purê de batatas para servir Anahí, mas foi distraída pela conversa. A colher passou outra vez por cima do prato de Anahí e voltou para a travessa.
Anahí podia jurar que Maite mantinha Ruth falando de propósito.
Finalmente, três horas depois — está bem, estava mais para vinte minutos —, todos estavam servidos e comendo, felizes. Se é que "felizes" incluía vovó contando histórias de Las Vegas enquanto Andres encarava o frango como quem o estivesse achando muito sensual. Anahí quase se sentiu mal por ele. Mas Andres se casaria em uma semana, então era provável que não fosse morrer, nem nada do tipo.
Jamie estava à direita de Anahí e Alfonso, à esquerda. Ou seja: é claro que o clima não estava estranho, nem um pouco! Cada vez que o braço de Jamie roçava no dela, Anahí se inclinava mais na direção de Alfonso, o que a fazia ter calafrios toda vez que a pele dos dois entrava em contato. Beber água sempre fora uma espécie de tique nervoso. O momento era constrangedor?
Um gole d'água. Não sabia o que dizer? Um gole d'água.
Mas não havia água. Apenas vinho.
O que significava que, se ela tivesse alguma esperança de sobreviver à noite, precisaria esvaziar todas as garrafas da mesa.
Ela já tinha bebido duas taças, e estavam apenas no terceiro prato.
— Então. — Jamie lhe serviu outra taça. Ah, maravilha! — Andres disse que você é uma repórter famosa.
— Não sei se eu diria famosa...
— É claro que é. — Do outro lado da mesa, Andres deu uma piscadela.
— Ela é uma das favoritas de Seattle.
— Você seria a minha favorita. — Jamie também piscou.
Alfonso teve um ataque de tosse. Ela lhe deu uma cotovelada nas costelas enquanto mantinha os olhos em Jamie.
— Obrigada. Isso é muito gentil.
Ele deu de ombros de um jeito tão elegante que Anahí teve vontade de vomitar.
— Bem, é verdade.
AnahÍ desviou os olhos e comeu um pouco de purê. Ao menos a comida estava maravilhosa, apesar de as pessoas ao seu redor a estarem enlouquecendo. Jamie disse mais alguma coisa, mas ela já não estava prestando atenção suficiente — não com a perna de Alfonso encostada na dela.
Anahí se virou para Jamie, que riu e se inclinou para mais perto.
— Desculpe. É só que tem purê de batatas no seu rosto.
A boca dele estava a centímetros da dela, quando de repente Alfonso praticamente pulou da cadeira.
— Filho da puta!
— O quê? O que houve? — Armando Herrera, o pai de Alfonso, se levantou da cadeira depressa e olhou ao redor.
— Hã... — Os olhos de Alfonso assumiram uma expressão confusa. — Um esquilo. Achei que tivesse visto um esquilo.
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Simple Past
Fanfiction"Como vai? Quer dizer, faz tanto tempo!" Na verdade, fazia onze meses, uma semana e cinco dias. Mas quem é que estava contando? Não ela. Alfonso Herrera é rico demais, bonito demais e arrogante demais: qualidades que, anos antes, fizeram Anahí Port...