Quarenta e nove

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Virgem. Ela era virgem. Ele a usara para sexo casual e, fazendo isso, poderia ter arruinado a garota perfeita. A garota mais maravilhosa do mundo, sua alma gêmea.

Alfonso deu um beijo carinhoso na testa dela e se afastou.

— Aonde você vai? — perguntou ela.

— A lugar nenhum — respondeu ele, e estava falando sério. Não iria a lugar algum, a não ser que ela fosse junto. Deixou as calças caírem no chão e se aproximou da cama. Anahí o encarou. Droga, ele poderia observá-la o dia inteiro! O cabelo loiro caía sobre o sutiã de renda vermelha. Ela tinha mesmo comprado lingerie. Caía bem nela, bem até demais, considerando os pontos pretos que estavam surgindo em sua visão. Ia perder a cabeça se não pudesse tê-la naquele instante.

Alfonso se ajoelhou na cama.

— Tenho uma coisa a dizer.

— É mesmo? — Anahí tremeu sob o toque dele. Alfonso pegou sua mão e envolveu seu dedo com a boca, sugando-o.

— Estou com ciúmes deste dedo há uma hora. Na verdade, fiquei com ciúmes até do chantilly.

Ela gemeu.

— E agora?

— Agora quero lamber você. — Ele colocou as mãos no quadril dela. — Inteira. Sem me esquecer de nenhuma parte.

— Nenhuma? — Ela arqueou as sobrancelhas.

— Nenhuma — repetiu ele, beijando-a, aprisionando seus lábios. Ele a pressionou contra a cama e a beijou, absorvendo-a, e então percebeu, naquele momento, que o gosto dela ficaria gravado nele para sempre. Tudo nela combinava perfeitamente com ele, que só estivera cego demais para notar, antes. E agora nunca a deixaria ir embora.

Os lábios de Alfonso se encontraram suavemente com os dela, enquanto ele pressionava seu corpo contra o calor do corpo dela. Mas, quando ela suspirou, ele se afastou.

— Que foi?

— O que mudou?

As palavras não vinham. Então Alfonso não só havia perdido o jeito, como também parecia incapaz de comunicar uma das coisas mais importantes que tinham acontecido em sua vida.

Anahí fechou os olhos de leve. Quando os abriu outra vez, estavam marejados. Anahí segurou o rosto dela entre as mãos e respondeu, bem baixinho:

— Eu. Eu mudei. Ela franziu a testa.

— Fui eu, não você. Você sempre foi constante. Não importava se queria me esfaquear ou me beijar, você nunca mudou. Fui eu, estou diferente.

— Simples assim? — Anahí parecia cética.

Mas que droga! Ele queria primeiro se perder nela, e só depois ter a conversa séria. Mas sabia melhor que qualquer um que as mulheres não eram assim. Então, com o autocontrole que raramente conseguia ter, Alfonso se afastou e se sentou na cama, apenas de cuecas, esperando que Anahí também se sentasse.
Quando ela se sentou, Alfonso a envolveu com os braços e a tirou da cama, carregando-a até o banco junto à janela, onde poderiam olhar para o lago, para suas memórias antigas — o passado dele.

Quando Anahí estava acomodada em seu colo, Alfonso pegou um cobertor da cesta no chão e os cobriu. O contato com a pele dela fazia seu corpo inteiro formigar. Os dois estavam na cadeira, juntos, com as pernas emboladas. Alfonso apoiou o queixo no topo da cabeça de Anahí e a abraçou de lado.

— Foi bem ali, perto do deque. Alfonso suspirou. — O quê?

— A primeira vez que me droguei. Ela enrijeceu. Alfonso engoliu em seco.

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